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Ao sancionar o Orçamento de 2022, o presidente Jair Bolsonaro (PL) cortou os investimentos do governo para R$ 42,3 bilhões, o menor nível da história, e reduziu em 1/3 a verba do Ministério do Trabalho. Manteve, porém, um total de R$ 35,6 bilhões para emendas parlamentares e R$ 4,96 bilhões para o fundo eleitoral. O presidente priorizou os recursos de maior interesse eleitoral de aliados, como o Auxílio Brasil, o fundo eleitoral e as verbas de relator (RP-9), que recebeu aval aos R$ 16,48 bilhões. O esquema distribuiu dinheiro federal a aliados políticos em troca de apoio com menos transparência nos dois últimos e foi considerado irregular pelo STF (Estadão - p.B1).
No Executivo, o controle sobre a distribuição dos recursos ficará nas mãos da Casa Civil, pasta comandada pelo Centrão, que já tem o maior poder no Legislativo. O governo também decidiu manter o fundo eleitoral em R$ 4,96 bilhões em 2022, sem pedir um acréscimo para R$ 5,7 bilhões, como cogitado anteriormente. Ainda assim, a verba representa um volume de recursos públicos recorde para irrigar campanhas eleitorais. Os partidos políticos terão mais do que o dobro dos valores destinados nas últimas eleições para financiar os candidatos em 2022. Dos investimentos previstos para 2022, os mais baixos da história, 40% serão controlados pelo Congresso (Estadão – p.B1).
Os ministérios com mais dinheiro para investir serão os da Defesa (R$ 8,8 bilhões), estratégico para Bolsonaro, e do Desenvolvimento Regional (R$ 7,5 bilhões), irrigado com emendas do orçamento secreto. Ficarão para trás Infraestrutura (6,5 bilhões), Saúde (R$ 4,6 bilhões) e Educação (R$ 3,4 bilhões). Para o especialista em infraestrutura Claudio Frischtak, seria necessário um investimento de aproximadamente 4,1% do PIB durante duas décadas para modernizar a infraestrutura do país. Hoje, o nível de investimentos públicos e privados está em 1,6%. O economista Raul Velloso alerta: “O Brasil não vai crescer se não expandir os investimentos” (Estadão – p.B2 e 3).
O Orçamento de 2022, sancionado na sexta pelo presidente Jair Bolsonaro e publicado ontem no Diário Oficial, autoriza a contratação de 43.192 servidores públicos federais, a maioria deles no Poder Executivo. Desses, 4.263 são novas vagas e 38.929 são para reposição de servidores em postos já existentes. Se todos fossem contratados, gerariam uma despesa de R$ 4,1 bilhões neste ano. Embora a autorização conste na Lei Orçamentária, o governo não é obrigado a convocar concursos para contratar esses servidores. Em todos os anos, é comum haver grande quantidade de cargos autorizados, mas eles não são preenchidos em sua totalidade (O Globo - p.11).
O presidente Jair Bolsonaro sancionou o Orçamento de 2022 mantendo R$ 1,7 bilhão reservador para o reajuste de servidores federais. O texto não define para quem será o aumento, dizendo apenas que as verbas serão utilizadas em reestruturação de carreiras. Bolsonaro havia prometido conceder reajuste a policiais e outras carreiras de segurança. A sanção mantém os recursos reservados (O Globo – p. 11).
Ainda que o surto da ômicron deva ser menos letal e prolongado do que o de outras variantes do coronavírus, a nova onda de contágio pode atrasar a normalização dos serviços esperada para o primeiro trimestre deste ano. Isso, somado ao cenário menos positivo na agropecuária do que o antecipado, fez o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) ajustar sua perspectiva de alta do PIB brasileiro em 2022 de 0,7% para 0,6%, conforme detalhado na edição de janeiro do Boletim Macro. “Já tive uma visão mais otimista em relação ao primeiro trimestre”, explica Silvia Matos, coordenadora do boletim (Valor).
O governo ainda discute internamente se incluirá o ICMS na proposta de emenda à Constituição (PEC) dos combustíveis, que o presidente Jair Bolsonaro pretende enviar ao Congresso em fevereiro, na volta do recesso. Segundo uma fonte do alto escalão do governo, a tendência, na noite de ontem, era incluir o imposto estadual no texto, embora uma decisão ainda não tenha sido tomada. A ideia de Bolsonaro é “permitir” por meio da PEC que os governadores diminuam o ICMS de forma temporária sem apresentar fonte de compensação, o que é previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Aqui reside uma das maiores críticas ao projeto: driblar a LRF em nome de uma medida considerada eleitoreira (Valor).
O presidente já disse que, uma vez aprovada a proposta, ele zerará no dia seguinte os tributos federais incidentes nesses produtos - PIS/Cofins e Cide. A medida, entretanto, desagrada governadores. Isso porque eles serão pressionados a reduzir o tributo imediatamente, perdendo uma importante fonte de receita para os estados. Bolsonaro vem sendo duramente criticado pelo alto valor dos combustíveis no país, que passaram a ter aumentos sistemáticos após a mudança na política de preços da Petrobras, durante o governo Michel Temer. A inflação de energia e alimentos vem atingindo duramente as camadas mais pobres da e de intenção de voto com vistas às eleições presidenciais de outubro (Valor).
Com o repasse às bombas dos reajustes anunciados pela Petrobras no último dia 11, o preço médio da gasolina subiu 0,8% na semana passada. O litro do diesel teve alta de 2,9%, segundo dados da ANP. É a segunda alta seguida da gasolina após oito semanas consecutivas de queda, cenário que preocupa o governo pelo risco de contaminação do debate eleitoral. Os preços devem ser ainda pressionados pelo fim do congelamento do ICMS sobre os combustíveis, debatido pelos estados. Segundo a ANP, o litro da gasolina foi vendido na semana passada a R$ 6,664, em média. Já o óleo diesel chegou à média de R$ 5,582 por litro no país (Folha).
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pediu formalmente para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reduzir a geração de energia por termelétricas, mais cara, diante da constatação de que grandes hidrelétricas estão jogando água fora sem produzir energia. Responsáveis por 20% da capacidade de geração hidrelétrica no país, as usinas Belo Monte e Tucuruí, no Pará, e Sobradinho, na Bahia, literalmente jogam água fora por conta dos limites de escoamento de produção de eletricidade no Norte/Nordeste para o centro-sul do país — enquanto o ONS privilegia a geração por termelétricas. O ofício da Aneel fala em “vertimento turbinável”, quando a hidrelétrica joga água rio abaixo sem passar pelas turbinas e, portanto, sem gerar energia (O Globo – p.12).
Antes mesmo da retomada das obras de Angra 3, o governo planeja a construção de nova usina nuclear, com início de operação prevista para 2031. A instalação da usina consta no Plano Decenal de Energia (PDE) de 2031, colocado ontem em consulta pública pelo Ministério de Minas e Energia. O governo não indica exatamente o local de construção da nova usina, mas diz que ela ficará no Sudeste ou no Centro-Oeste. “Os atributos de confiabilidade de geração, elevado fator de capacidade e livre de emissões de gases causadores de efeito estufa, concretizam essa tecnologia como opção na matriz elétrica brasileira”, defende o plano elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (O Globo – p.12).
As usinas hidrelétricas vão passar a ser responsáveis por menos de metade da oferta de eletricidade brasileira até 2031, segundo o relatório do plano decenal de energia (PDE) elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O plano entrou em consulta pública ontem. A fonte hidrelétrica, que respondia por 58% da matriz elétrica do país em 2021, representar 45% ao fim do período. O percentual é pouco mais da metade da participação no começo do século, quando a fonte hídrica representava 83% da capacidade instalada do país. O PDE contém a indicação das perspectivas de expansão do setor de energia ao longo de uma década (Valor).
A privatização da Companhia Docas do Espirito Santo (Codesa), a primeira do gênero no país, ainda provoca dúvidas e incertezas no setor portuário. A percepção, porém, é que as principais críticas levantadas ao longo do processo foram solucionadas e haverá interesse pelo ativo. O edital foi publicado na sexta-feira passada e o leilão marcado para 25 de março. Estão previstos R$ 334,8 milhões em investimentos, além de gastos operacionais estimados em cerca de R$ 1 bilhão. O processo será uma combinação de privatização e concessão. Primeiro, a Codesa, que hoje é pública, terá as ações vendidas e se tornará privada. O preço dos papéis foi fixado em R$ 1, o que faz a empresa valer R$ 327,15 milhões (Valor).
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