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O Congresso e o governo procuram encontrar uma saída para a reforma tributária. Após dissolver a comissão especial e colocar em suspenso o relatório preparado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), segue com a intenção de fatiar a proposta que teria como finalidade simplificar o sistema tributário nacional com o projeto do governo. No Senado, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se encontrou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na tarde de ontem, para falar sobre o tema. Fora da agenda, a reunião foi breve. O clima está longe de ser consensual, e um dos nós da reforma tributária é o texto elaborado pelo governo (Correio – p.7).
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse ontem que deve fatiar a reforma tributária em “três ou quatro” projetos de lei. Eles vão tratar da CBS, IPI, “passaporte tributário” e mudanças no imposto de renda, e promover uma reforma constitucional (nos moldes do que já vinha sendo debatido pelo Congresso), com a unificação do ICMS e ISS. Segundo Arthur Lira o projeto foi conversado com os líderes dos partidos na Câmara, com o Ministério da Economia e com o Palácio do Planalto. Disse que o fatiamento deve ocorrer, mas ainda não está definido, porque depende de conversa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o que deve ocorrer hoje (Valor).
O governo já abriu a caixa de ferramentas de medidas tributárias, como o adiamento (diferimento) dos pagamentos de FGTS e do Simples Nacional. Mas a medida mais ampla de postergação de tributos, que faz parte do cardápio de ações anticrise ainda não foi acionada pelo governo e aguarda uma avaliação sobre sua real necessidade de acionamento neste ano, apurou o Valor. Por ora, prevalece a leitura de que a medida mais geral não se faz necessária, depois das ações já tomadas para as empresas de menor porte. O secretário da Receita, José Tostes, nos últimos dias tem aconselhado dentro do governo que não se fale no assunto, para evitar que empresas se antecipem e deixem de cumprir suas obrigações.
A pressão da base de Jair Bolsonaro ameaça empurrar a reforma administrativa só para 2023. Deputados aliados do presidente se alinharam ao lobby dos servidores e querem evitar desgastes políticos a um ano das eleições. Com isso, as mudanças nas carreiras do funcionalismo — uma das principais bandeiras do ministro da Economia, Paulo Guedes,desde o início do governo, em 2019 — corre, mais uma vez, o risco de subir no telhado. Deputados que vieram da carreira pública, em especial da segurança pública — como policiais civis, militares e federais—, procuradores e defensores públicos temem dar andamento à reforma. Soma-se ainda a esse cenário a resistência de congressistas da oposição (Folha).
O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado solicitou ao TCU que apure a reserva de R$ 3 bilhões do Orçamento de 2020 para deputados e senadores indicarem recursos para obras e ações Brasil afora com base em um "orçamento paralelo". Em troca, deveriam apoiar o governo no Congresso. Também há cinco representações dos partidos Novo, Psol e PSB. “A situação requer, a meu ver, a atuação do Tribunal de Contas da União no cumprimento de suas competências constitucionais de controle externo de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da Administração Pública federal”, argumentou o representante do Ministério Público junto ao TCU (O Globo – p.4).
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2020 não prevê que deputados e senadores definam prioridade de verbas de emendas para a execução do Orçamento. O presidente Jair Bolsonaro vetou essa possibilidade, que já havia recebido aval do Legislativo. Uma das razões é que o veto — não derrubado pelo Congresso — diz que a medida poderia “fomentar cunho personalístico” nas indicações. O líder da Oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ) anunciou ontem à noite a entrega de três representações: uma ao TCU, outra ao Ministério Público e a última à Procuradoria Geral da República. Para o deputado, o caso é considerado “gravíssimo” (O Globo – p.4).
Metade do orçamento secreto de R$ 3 bilhões criado pelo presidente Jair Bolsonaro para aumentar sua base de apoio no Congresso foi direcionada para pavimentação asfáltica. Além das compras de tratores acima da tabela de referência, o grupo político beneficiado pelo esquema reservou R$ 1,6 bilhão para asfaltar ruas e estradas nos seus redutos eleitorais. Documentos indicam que parte do orçamento secreto deve bancar contratos de asfaltamento cujas licitações foram consideradas irregulares pela área técnica do TCU. Os indícios foram identificados durante pente-fino da Corte em pregões da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francis (Estadão – p.A4).
Criada para desenvolver as margens do rio São Francisco, a estatal teve sua finalidade desvirtuada no governo Bolsonaro quando passou a atender municípios localizados a mais de 1,5 mil quilômetros das águas do rio e acomodar ainda mais políticos do Centrão. Na prática, a empresa virou um duto para saída dos recursos do “tratoraço”, como o esquema de toma lá, dá cá está sendo chamado. O trabalho dos auditores do TCU não levou em conta a origem dos recursos. Focou na aplicação, independentemente da fonte das verbas. Os valores globais desses pregões questionados são de R$ 533 milhões (Estadão – p.A4).
O senador. Ciro Nogueira (PP-PI) direcionou R$ 135 milhões do orçamento secreto do governo no Ministério do Desenvolvimento Regional, somente em dezembro de 2020. Ele precisaria de 16 anos no Senado para poder indicar tamanha quantia, se contasse apenas com as emendas individuais – a cada ano, apenas R$ 8 milhões são disponíveis para livre indicação por parlamentares, sendo que um valor semelhante é possível de indicar apenas dentro da área da saúde. O senador é hoje o líder da tropa de choque do governo Bolsonaro na CPI da Covid. Ao depor na comissão, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta acusou Nogueira de ler uma pergunta enviada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria (Estadão – p.A4).
O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, admitiu que as indicações de uso dos recursos de emendas foram feitas por deputados e senadores, mas afirmou não haver orçamento secreto. Para exemplificar, ele citou o caso do senador Humberto Costa (PT-PE). Numa planilha secreta do ministério, a indicação à qual se refere consta como sendo de autoria de “Davi Alcolumbre/humberto Costa”. No Twitter, Marinho disse que Costa indicou R$ 12 milhões para obras e compras de máquinas em Pernambuco. O senador rebateu, sob o argumento de que o ministro omitiu fatos, pois a verba foi um pedido do então presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), aliado do governo (Estadão – p.A6).
O Banco Central colocou em consulta pública ontem o lançamento de dois serviços vinculados ao Pix, o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos: o Pix Saque e o Pix Troco. Por meio deles, será possível aos usuários do Pix sacar recursos em estabelecimentos comerciais ou prestadores de serviços, o que amplia as opções às agências bancárias e aos caixas eletrônicos. A previsão é de que as duas novas ferramentas comecem a funcionar no segundo semestre. De acordo com o BC, por meio do Saque Pix o usuário poderá retirar recursos de sua conta sem que haja transação comercial com o estabelecimento (Estadão – p.B7).
Na pauta de votações do plenário da Câmara de hoje, o parecer do deputado Neri Geller (PP-MT) ao projeto da Lei Geral de Licenciamento Ambiental dispensa 17 tipos de empreendimentos da obrigatoriedade de aval do poder público ao impacto dessas obras e atividades. Entraram na lista, por exemplo, projetos de pecuária semi-intensiva, obras de sistemas e estações de tratamento de água e de esgoto e a construção de usinas de triagem de resíduos sólidos. A dispensa de licenciamento nesses casos não permite que a vegetação seja subraída. Para isso será necessário aval do poder público. O texto foi recebido com preocupação entre ambientalistas e integrantes da oposição (Valor).
O parecer também cria o modelo por “adesão e compromisso”, em que o responsável pela obra declara estar cumprindo os pré-requisitos estabelecidos pela autoridade licenciadora, sem necessidade de fiscalização prévia ou avaliação dos estudos. Esse modelo poderá ser adotado em casos de duplicação de rodovias e construção de linhas de transmissão, em faixa de domínio pertencente à União. O parecer de Neri Geller tem potencial de destravar investimentos de R$ 130 bilhões, segundo sua avaliação, no prazo de cinco a oito anos. Disse que a proposta permite avançar na energia limpa e, na infraestrutura, reduzir o custo Brasil (Valor).
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