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Se o substitutivo da PEC 186, apresentado ontem pelo senador Márcio Bittar (MDB-AC), for aprovado, o governo terá meios para conter despesas e fechar o Orçamento deste ano e de 2022 dentro do teto de gastos. A PEC abre caminho para o pagamento de um novo auxílio emergencial, sem a necessidade de corte de despesas ou apontamento de novas fontes de receitas. Esses pagamentos estarão fora do teto de gastos, da regra de ouro da economia e da meta fiscal de 2021 - um rombo já previsto de R$ 250 bilhões para todo o setor público. Nas versões negociadas, esse auxílio estaria limitado a R$ 30 bilhões, mas o texto protocolado não apresenta nenhuma trava (Valor). A votação da PEC deve ser adiada (O Globo - p. 19).
A PEC não prevê o valor desse auxílio nem o período de vigência. Isso seria determinado por nova MP do presidente Jair Bolsonaro. A PEC desobriga União, estados e municípios de aplicar percentuais específicos de receita em ensino e saúde. E estabelece gatilhos para que seja congelado o crescimento de despesas quando a quase totalidade dos gastos de União, estados e municípios for de pagamento obrigatório. Estariam proibidos aumento de salários aos servidores, criação de cargos ou concursos públicos, progressões na carreira e criação de despesa obrigatória. O texto cria a figura do “estado de calamidade pública de âmbito nacional”, a ser solicitado pelo presidente e aprovado pelo Congresso (Valor).
A Câmara avalia fatiar a PEC emergencial e aprovar primeiro o dispositivo que autoriza o governo a lançar uma nova rodada de auxílio neste ano antes das medidas de fortalecimento das regras de contenção de gastos para crises futuras. O assunto foi discutido nos últimos dias, mas enfrenta resistências do Ministério da Economia. A pasta tenta barrar a pressão, que aumentou de segunda-feira para ontem. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já aceitou a concessão do auxílio sem contrapartidas de corte de despesas neste momento e colocou seu futuro no governo na aprovação de um texto da PEC com “protocolo de crise” sem desidratação. Agora, desdobra-se para garantir essa aprovação (Estadão – B5).
A intervenção de Jair Bolsonaro no comando da Petrobras foi o golpe mais forte na confiança do investidor estrangeiro desde o início deste governo. Provocou novas dúvidas sobre o tamanho do poder que o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda exerce sobre a política econômica do Brasil. Os donos do dinheiro no exterior já estavam cautelosos quanto a fazer aportes no Brasil, que tem perdido relevância global por causa da piora de seus indicadores econômicos e não possui grau de investimento há algum tempo. O impacto da interferência do presidente brasileiro na estatal causou temor de um efeito cascata em outras empresas públicas e deve ter reflexos a longo prazo no mercado externo (Folha).
O presidente Jair Bolsonaro fez ontem afagos ao ministro da Economia, Paulo Guedes, ontem, após sua permanência no governo ser questionada. Segundo Bolsonaro, o ministro é um dos homens mais importantes nas lutas do governo. A declaração ocorreu durante solenidade de lançamento da Agenda Prefeito + Brasil, no Palácio do Planalto. “Nós devemos contar com meios e, o que é mais importante, com gente de confiança ao nosso lado. E uma das pessoas mais importantes nessa luta foi o senhor ministro Paulo Guedes que, obviamente, por ser um homem que decide as finanças do governo, tem amigos e opositores, mas a todos tratou com muita galhardia” (Correio – p.4).
Em reunião tensa, o conselho de administração da Petrobrás aprovou ontem a convocação de assembleia extraordinária de acionistas que decidirá sobre a destituição do atual presidente, Roberto Castello Branco. A decisão, por maioria, atende ao pedido do governo – e, principalmente, do presidente Jair Bolsonaro –, que indicou o general da reserva Joaquim Silva e Luna para o comando da petroleira. Em nota, o conselho também mandou um recado contra possíveis tentativas de interferência do governo na política de preços: “continuará a zelar com rigor pelos padrões de governança da Petrobrás, inclusive no que diz respeito às políticas de preços de produtos da companhia” (Estadão – p.B3).
Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a Petrobrás, o general do Exército Joaquim Silva e Luna tem perfil austero e obediente aos comandos dos superiores. “No jargão do setor militar, ele é conhecido como “trecheiro”, uma pessoa que avança em um trecho: abraça uma tarefa e a executa”, diz Manuel Domingues, doutor em História pela Universidade de Paris, especializado em estudos militares, ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abed) e professor da Universidade Federal Fluminense. “Como engenheiro militar, é conhecido pela excelência executiva, mas nunca teve credencial de formulador ou se destacou no debate estratégico” (Estadão – p.B3).
Para Domingues, é preciso aguardar o que Silva e Luna fará no comando da estatal, caso seu nome seja aprovado pelo conselho da Petrobrás. Nas palavras de um executivo da área de energia que acompanha de perto o dia a dia de Itaipu, Silva e Luna acompanhou os números muito de perto e enxugou despesas, mas não se caracterizou por grande capacidade de negociar. Outra característica do grupo militar do qual o pernambucano Silva e Luna faz parte, diz Domingues, é não ter o viés estatizante ou fazer oposição a privatizações. Caso assuma a presidência da petroleira, o plano estratégico da Petrobrás de venda de ativos, em função da priorização ao pré-sal, não estaria ameaçado (Estadão – p.B3).
Entre as medidas que o governo estuda para reduzir o impacto do aumento dos preços dos combustíveis, sem interferir na política da Petrobras, está a criação de um "voucher caminhoneiro". A ideia seria calcular uma média dos quilômetros rodados e do consumo de diesel. Quando o preço aumentasse, os profissionais teriam restituição do valor equivalente à tributação federal, hoje, PIS/Cofins. Os defensores da medida dizem que a iniciativa é muito mais barata do que isenção para toda a população. No entanto, críticos apontam incoerência na criação de uma "bolsa caminhoneiro" quando o país busca uma solução fiscal para o auxílio emergencial (Folha).
Além da solução de zerar temporariamente os tributos federais sobre o diesel, o governo pretende colocar em funcionamento, no segundo semestre, novas medidas de apoio aos caminhoneiros. Estará sob o guarda-chuva do Documento de Transporte Eletrônico (DT-e), instrumento que vai simplificar a documentação do frete, formalizar o trabalho dos autônomos, facilitar sua bancarização e permitir a criação de recebíveis de frete. Pelo sistema bancário, será possível receber antecipadamente o valor do serviço de transportes. Os recebíveis poderão substituir esquema informal chamado carta-frete, operado por postos de combustíveis, quando o caminhoneiro obtém parte do valor do serviço antes de realizá-lo (Valor).
Um dia depois de receber a forte reação do mercado por causa da intervenção na Petrobras, Bolsonaro deu um passo no projeto de concessões e desestatizações de rodovias, portos e aeroportos. Decreto publicado ontem lista empreendimentos que foram qualificados na reunião do conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) no início de dezembro. Entre mais de 30 empreendimentos, a lista inclui a concessão de aeroportos como Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) e a desestatização da Companhia Docas da Bahia (Codeba), que administra os portos de Salvador, Aratu e Ilhéus (Folha).
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou ontem na Live do Valor que existe uma “bolha histérica” sobre a troca na presidência da Petrobras. Argumentou que a mudança, uma prerrogativa do presidente da República, não deve desviar o foco das reformas estruturantes que estão em andamento no país. Para ele, por exemplo, a aprovação do projeto que garante autonomia formal ao Banco Central, uma demanda histórica do mercado, acabou ficando em segundo plano e sem a valorização devida pelos agentes do setor financeiro. A Câmara concluiu a tramitação da proposta, que será sancionada hoje, nos primeiros dias da presidência do deputado.
Na tentativa de aceno ao mercado e destravar a pauta de privatizações, Jair Bolsonaro entregou ao Congresso ontem medida provisória que abre caminho para a venda da Eletrobras. Após ações do presidente Jair Bolsonaro na área de combustíveis, que desagradaram a equipe econômica e criaram turbulência no mercado, o governo quer sinalizar que a agenda liberal comandada pelo ministro Paulo Guedes segue de pé. Um ato no Congresso para marcar a entrega da MP contou com a presença de Bolsonaro e Guedes, dos ministros de Minas e Energia, Bento Albuquerque e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, além dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) - Folha.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), antecipou ontem, na Live do Valor, que a medida provisória de privatização da Eletrobras, enviada ao Congresso, deve acelerar as mudanças na estatal. O deputado revelou, ainda, que a MP garantirá uma “golden share” ao governo (ação especial que confere direito de veto em algumas questões). A entrevista ajudou a impulsionar o preço das ações da estatal, que subiram 13,02% (ON) ontem, maior alta do Ibovespa. Também garantiu que, se o Senado Federal aprovar a PEC Emergencial até o dia 4 de março, a Câmara poderá votar o texto direto no plenário, sem passar pelas comissões, no período de uma semana.
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