|
Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), falaram ontem de um plano para viabilizar nova rodada de pagamentos do auxílio emergencial sem desrespeitar a lei do teto de gastos e sem cortar outras despesas. Lira acenou com a possibilidade de o Congresso abrir o que chamou de “excepcionalização temporária” do Orçamento. Pacheco afirmou que, pelo caráter de urgência, não é possível condicionar a concessão do auxílio à entrada em vigor de medidas de ajuste fiscal, como quer o ministro da Economia, Paulo Guedes (Estadão – p.B1).
Na prática, as falas sinalizam que governo e Congresso negociam uma forma de incluir essas despesas no que os economistas chamam de “extrateto de gastos” – fora do limite do teto. As discussões avançaram depois que Guedes aceitou o pagamento de cerca de R$ 200 por três meses. Em entrevista à Globonews, Pacheco disse que o cenário pode ser diferente em três ou quatro meses, com o aumento da imunização, mas agora ele é urgente. “Só temos duas saídas: ou votamos rapidamente o Orçamento ou o governo vai procurar alguma forma de o Congresso excepcionalizar temporariamente (o pagamento), até que tenhamos Orçamento”, disse Lira em entrevista em Alagoas (Estadão – p.B1).
O senador Roberto Rocha (PSDB-MA), presidente da Comissão Mista da Reforma Tributária do Congresso, avalia que a necessidade de retomada do auxílio emergencial pode acabar favorecendo a discussão de uma nova CPMF com “finalidade específica e duração limitada”. O senador admite, no entanto, que é contrário à discussão da CPMF na Proposta de Emenda Constitucional da reforma tributária porque o entendimento sobre a volta do novo tributo ainda está muito longe, e pode contaminar o que já foi construído como consenso. “O prolongamento da pandemia preocupa a todos. É evidente a necessidade de continuar fornecendo algum tipo de suporte aos mais diretamente afetados”, disse (Estadão – p.B1)
O presidente Jair Bolsonaro disse que deve prorrogar o auxílio emergencial para famílias afetadas pela pandemia do coronavírus. Em entrevista à TV Bandeirantes, o presidente disse, porém, que o número de pessoas beneficiadas será menor do que em relação ao ano passado. Ele não explicou que critério será utilizado para estabelecer uma linha de corte. "O ministro Paulo Guedes tem dito que, se a pandemia continuar e a economia não pegar, vamos discutir para ontem", acrescentou. "Eu acho que vai ter. Vai ter uma prorrogação. Foram cinco meses de R$ 600 e quatro meses de R$ 300. O endividamento chegou na casa dos R$ 300 bilhões. Isso tem um custo. O ideal é a economia voltar ao normal", disse (Folha).
O imbróglio da Comissão Mista de Orçamento (CMO) não está totalmente resolvido, apesar de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter afirmado que o colegiado seria instalado hoje. A ideia é iniciar, o quanto antes, a discussão do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2021. Fontes próximas a parlamentares do Centrão contaram que a sessão para a instauração da CMO só poderá ocorrer amanhã. O problema é que, na página da comissão, a reunião ainda não aparece e, sem que isso ocorra, não adianta marcar a sessão apenas de palavra. Pelo regimento, a convocação precisa ser feita com 24 horas de antecedência, na página, o que ainda não aconteceu, lembrou uma fonte da área técnica da Câmara (Correio – p.3).
A Câmara pretende analisar hoje o projeto de lei que confere autonomia ao Banco Central, na retomada das votações em plenário. A escolha da matéria, que blinda a autoridade monetária de interferências políticas e está, há décadas, no Congresso, visa sinalizar ao mercado comprometimento com a agenda econômica e foi acertada com o governo ontem. Relator do projeto, o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) discutiu, ontem, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e com o ministro da Economia, Paulo Guedes, os detalhes do parecer que será levado ao plenário. Ele disse que teve “apoio de ambos” para o texto (Correio – p.2).
Por isso, vai apresentar seu parecer a líderes partidários hoje, para que o plenário da Câmara vote a urgência e comece a se debruçar sobre o mérito da proposta. A ideia é ter a autonomia do BC aprovada até amanhã. Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) explicou que, além do aval da equipe econômica, há “sinalização positiva da maioria dos líderes” em relação ao projeto. Ele argumentou que essa é “uma grande sinalização de destravamento da pauta do Congresso, um grande sinal de previsibilidade para o futuro da economia brasileira e um grande sinal de credibilidade para o Brasil perante o mundo” (Correio – p.2).
A Câmara dos Deputados pautou para votação nesta semana apenas dois projetos de lei com relevância econômica, um que regulamenta o mercado de câmbio e o fluxo de capitais no país e fora dele e outro que altera o Código de Defesa do Consumidor. Ambos têm chance média de aprovação nos próximos 180 dias, segundo as projeções do Centro de Estudos Legislativos e Análise Política do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap/Ello). O PL 5387/2019, relativo ao mercado de câmbio e ao fluxo de capitais nacionais e estrangeiros no país e fora dele é de autoria do governo. O texto substitutivo foi aprovado pela Câmara em dezembro e aguarda votação dos destaques para seguir ao Senado (Valor).
Petrobras reajusta preço de combustíveis. Em meia à polêmica sobre independência da estatal, ações da empresa têm queda. A decisão vem em linha com a recente alta da cotação da matéria-prima, o petróleo, e ainda ajuda a empresa a tentar dissipar dúvidas de que estaria contendo aumentos de preço para favorecer os caminhoneiros e evitar uma nova greve da categoria. A partir de hoje, o litro do diesel da estatal vai ficar mais caro R$ 0,13; a gasolina, R$ 0,17, e o quilo do gás de cozinha, R$ 0,14. Os reajustes são respectivamente de 6%, 8% e 5%. O botijão de GLP de 13 kg é largamente usado pela população para cozinhar e, por isso, tem grande peso no cálculo da inflação (Estadão – p.B4).
O presidente Jair Bolsonaro disse que o novo reajuste de combustíveis anunciado pela Petrobrás deve provocar uma “chiadeira com razão”, mas que ele não pode intervir na estatal. O presidente informou que deve se reunir com a equipe econômica para decidir sobre a redução do Pis/cofins no preço do diesel. “Não é novidade para ninguém: está previsto um novo reajuste de combustível para os próximos dias, está previsto. Vai ser uma chiadeira com razão? Vai. Eu tenho influência sobre a Petrobrás? Não”, disse Bolsonaro a seguidores em frente ao Palácio da Alvorada. A alta anunciada foi a terceira do ano. Desde dezembro a gasolina teve reajuste de 22% (Estadão – p.A4).
O anúncio de novo reajuste no preço dos combustíveis voltou a agitar ontem os grupos de WhatsApp de caminhoneiros. A revolta é geral, mas o que fazer diante do aumento ninguém sabe. “Bolsonaro prometeu reduzir os impostos do diesel e não tivemos um fim de semana de paz. Olha aí o caminhoneiro sendo penalizado de novo”, afirmava o áudio de um caminhoneiro do Paraná, ativo nas redes e defensor do presidente. Para ele, os motoristas e outras categorias profissionais devem lutar junto com Bolsonaro para pedir aos governadores redução do ICMS em alguns estados. “Se no Rio de Janeiro é mais caro, a gente não entrega um grama de arroz naquele estado. Quero ver se não vão baixar os preços” (Valor).
A Petrobras informou que o fundo Mubadala fez a melhor oferta na concorrência para a venda de sua refinaria na Bahia, a segunda maior do país. O fundo, dos Emirados Árabes Unidos, ofereceu US$ 1,65 bilhão (em torno de R$ 8,8 bilhões, pela cotação atual). Segundo a Petrobras, a conclusão da venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), localizada em São Francisco do Conde, depende ainda de aprovação de órgãos competentes. Se confirmada, será a primeira operação de venda de refinaria da estatal, desde que a empresa abriu processo para buscar interessados por oito das suas 13 refinarias, em 2019, sob o argumento de que precisa focar seus esforços na exploração do pré-sal (Folha).
Bandeira histórica do setor de agronegócios e muito defendida por multinacionais e bancos nos últimos anos, o projeto de lei que permite a compra de terras por estrangeiros tende a empacar novamente no Congresso, dessa vez contaminado pela forte pressão contrária do presidente Jair Bolsonaro. Para não se indispor com o Planalto, ruralistas já não tratam mais o tema com a prioridade que teve no passado. Após ser aprovada pelo Senado com certa facilidade no fim do ano passado, o PL 2.693/2019, de autoria do senador Irajá (PSD-TO) - tendo como relator o agora presidente da casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) -, já enfrenta resistências mais duras até mesmo de parte da bancada ruralista (Valor).
|
|