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O presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Junior, renunciou ao cargo, alegando motivos pessoais. A informação foi prestada pela empresa em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) neste domingo, 24. Segundo o ofício, o executivo vai deixar a presidência da empresa no dia 5 de março. Ainda não há um sucessor indicado. A renúncia do executivo aconteceu menos de uma semana depois de um novo revés à desestatização da empresa. Na quinta-feira, 21, as ações da Eletrobrás caíram 6,15% (PNB) e 5,15% (ON) depois de o candidato apoiado pelo governo Jair Bolsonaro para a presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), declarar que a privatização da estatal não seria um foco da sua gestão (Estadão).
A avaliação sobre o comportamento da economia brasileira neste início de ano, que chegou aos principais gabinetes da Esplanada dos Ministérios, não é animadora. “Não será surpresa se ocorrer uma retração da economia no primeiro trimestre”, disse uma importante fonte do governo. “Teremos um trimestre muito difícil e não adianta dourar a pílula”, alertou. Mesmo assim, o governo trabalha com um cenário de crescimento do PIB acima de 3% neste ano, com um maior dinamismo ocorrendo no segundo semestre. “O que pode impedir essa trajetória é o descontrole fiscal e o agravamento da pandemia”, ponderou a fonte. A expectativa oficial era de uma rápida e intensa retomada (Valor).
Os dados do segundo semestre do ano passado animaram a todos e o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a falar em retomada em “V”. Já se sabe que isso não vai acontecer. A mudança de cenário decorre, de acordo com a mesma fonte, do fim dos estímulos econômicos dados pelo governo no ano passado e do recrudescimento da pandemia. Com o auxílio emergencial, o governo injetou algo em torno de 4% do PIB na atividade econômica, estimulando fortemente a demanda interna. O efeito negativo do fim do auxílio sobre a atividade econômica era esperado, mas os técnicos consideram que ele coincidiu com a segunda onda da covid-19, que veio com uma intensidade maior do que os especialistas do governo esperavam (Valor).
A preocupação da área técnica agora é evitar uma deterioração das expectativas do mercado sobre a sustentabilidade das contas públicas. O debate público em torno da renovação do auxílio emergencial, defendido pelos dois candidatos apoiados pelo governo para as presidências do Senado e da Câmara, já afetou as expectativas. O Ministério da Economia não vai participar abertamente do debate, enquanto a eleição das duas mesas não for concluída. Os dados que chegam ao Palácio do Planalto, no entanto, mostram que, mesmo que o auxílio emergencial seja melhor focado e o valor do benefício seja reduzido para R$ 200, ele custará cerca de R$ 7 bilhões por mês (Valor).
O Brasil sofreu a maior queda na entrada de investimento estrangeiro direto entre os grandes países emergentes em 2020. O fluxo foi 40% menor para o país, ficando em US$ 33 bilhões, segundo levantamento preliminar da Unctad, agência da ONU para o comércio e o desenvolvimento. Riscos relacionados à última onda da pandemia, ritmo de vacinação e de programas de apoio econômico, frágil situação macroeconômica em grandes mercados emergentes e incerteza sobre o ambiente global para investimentos continuarão afetando o fluxo de capitais neste ano. “Investidores devem continuar cautelosos em se comprometer com capitais em novos produtivos no exterior”, afirma James Zahn, diretor da divisão de investimentos da Unctad (Valor).
O recrudescimento da pandemia, a possibilidade de restrições mais abrangentes à movimentação de pessoas e a retirada do auxílio emergencial podem prejudicar o crescimento da atividade neste ano, segundo economistas. O aumento das incertezas fez com que se iniciasse um movimento de revisão das estimativas mais positivas para o PIB, enquanto casas que já esperavam um crescimento mais baixo mantiveram suas expectativas mais conservadoras. Um bom número de analistas ainda espera crescimento entre 3,5% e 4% em 2021. No último relatório Focus, do Banco Central, a mediana das estimativas de cerca de 70 casas chegou até a subir, de 3,41% para 3,45%. Mas há espaço para revisões baixistas (Valor).
O presidente Jair Bolsonaro é a favor da prorrogação do auxílio emergencial, mas entende que isso não pode ser feito sem que seja aberto espaço no orçamento. A posição reflete pressões que ele vem sofrendo de sua base de apoio no Congresso e da ala política do governo, de um lado, e da equipe econômica, de outro. Bolsonaro não está propenso a romper com a cartilha do ministro da Economia, Paulo Guedes, e flexibilizar o teto de gastos para pagar o benefício. Tampouco cogita emplacar no Congresso um novo Orçamento de Guerra, instrumento usado em 2020, que excluiu do teto os gastos sociais e outros relacionados à pandemia (Valor).
Atrasos na obtenção de insumos para imunização, no calendário de vacinação e o recrudescimento da pandemia no país aumentaram a pressão sobre o governo para a instituição de novo auxílio emergencial. A volatilidade nos mercados cresceu, tanto pela piora das expectativas quanto ao vigor da retomada da economia a curto prazo quanto pela situação, já crítica, das contas fiscais. O fim do auxílio indica que está em curso forte concentração de renda. Ela deve cair 17% no primeiro trimestre em relação ao último trimestre de 2020, segundo a consultoria Oxford Economics, que prevê contração de 0,8% do PIB nos primeiros três meses do ano (Valor).
Assim como a popularidade do presidente Jair Bolsonaro aumentou com o auxílio, ela refluiu rapidamente com sua retirada. Os candidatos prediletos do Palácio do Planalto à presidência da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) apoiam nova rodada de ajuda. No meio empresarial é crescente a insatisfação com o governo, até mesmo entre os entusiastas do presidente Jair Bolsonaro. A preocupação é com a gestão “ineficaz” da crise sanitária e seu impacto político e econômico. Mas percepção é de que não há força para impeachment (Valor).
Prestes a assumir uma cadeira no Conselho de Administração do BNDES, Arthur Koblitz, colocou em xeque a venda de R$ 49 bilhões em ações da carteira da instituição, em 2020, e abriu uma crise dentro do banco. Presidente da Associação dos Funcionários do BNDES, o economista calculou em R$ 12,2 bilhões o prejuízo com as operações. A conta leva em consideração todos os ativos desinvestidos, mas as perdas foram concentradas nas vendas de participações na Petrobrás (R$ 1,3 bilhão), Vale (R$ 7,5 bilhões), Suzano (R$ 2,5 bilhões) e Marfrig (R$ 800 milhões) – Estadão – p.B6.
As mortes por covid de brasileiros a partir de 20 anos enxugaram em R$ 5,1 bilhões a massa de renda potencial das famílias atingidas no período de um ano. A perda é de R$ 2,2 bilhões na renda potencial das famílias nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, calcula um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV). Os dois estados concentram juntos mais de 40% das vítimas fatais da pandemia. “Isso vai acabar lançando mais gente na pobreza”, lamentou Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do IBRE/FGV, responsável pelo levantamento (Estadão – p.B4).
Cerca de dez “grandes grupos” manifestaram interesse até agora em participar da licitação das concessões de serviços da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), informou na sexta-feira o secretário da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, Nicola Miccione, em seminário transmitido via internet. A versão em inglês do edital da licitação foi publicada na web também na sexta. As visitas técnicas às instalações da empresa vão começar nesta quarta. De acordo com o governo do Rio até sexta-feira seis grupos haviam formalizado pedidos para essas visitas técnicas (Valor).
O Congresso Nacional vai tentar acelerar o rito orçamentário a partir da próxima semana, quando estiverem definidos os novos presidentes da Câmara e do Senado. A ideia de encaixar mais alguns meses de auxílio emergencial no Orçamento é defendida, inclusive, por aliados do presidente Jair Bolsonaro. Bolsonaro demonstra “boa vontade” com a ideia de renovar o auxílio, dede que a medida não leve ao rompimento do teto de gastos, como teme o mercado e o ministro da Economia, Paulo Guedes (Correio – p. 6).
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