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A equipe econômica tem acompanhado o crescimento dos casos de Covid-19 no Brasil com preocupação. Assessores do ministro Paulo Guedes avaliam que a situação tem se agravado e sinais vermelhos estão se acendendo. Mesmo assim, membros da equipe consideram o cenário atual diferente daquele observado em meados do ano passado e dizem que o momento não demanda medidas como o auxílio emergencial. Novo auxílio emergencial, pagamento feito à população de abril a dezembro de 2020, e de forma residual neste mês, voltou à discussão após os principais candidatos à presidência da Câmara mencionarem a possibilidade de relançar a medida (Folha).
O recrudescimento da pandemia e o cronograma lento da vacinação já estão levando instituições a ficarem mais pessimistas com o crescimento em 2021. Ontem, o BNP Paribas cortou a projeção para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) no ano, de 3% para 2,5%. Na segunda, a consultoria A.C Pastore reduziu sua estimativa a 3%, número que era 4,5% em dezembro. No cenário do banco francês, aponta a equipe econômica chefiada por Gustavo Arruda em relatório, o pico da nova onda de infecções será atingido em meados de março, o que resultará em um contingente elevado de casos até maio ou junho (Valor).
A equipe econômica estuda a possibilidade de renovar o Programa de Preservação de Renda e do Emprego, que permite a suspensão de contrato e a redução de jornada e salário do trabalhador. A análise ainda é preliminar, mas a medida é vista como opção para impedir um aumento do desemprego no país, o que preocupa o governo. Segundo uma fonte ouvida pelo Valor, se houver uma programação, o modelo será diferente e mais restritivo. Alguns técnicos são contrários, por exemplo, a uma medida setorial. Uma dificuldade para renovar uma medida como esta é fiscal. Segundo balanço feito no Ministério da Economia a despesa com esse programa chegaria a R$ 51,5 bilhões.
Após quatro anos de incerteza no comércio internacional causada pela tensão entre China e Estados Unidos, os exportadores brasileiros passam a ter outro motivo de apreensão a partir de hoje, com a chegada de Joe Biden à Casa Branca. A preocupação começa a ser, agora, com a política ambiental do governo Jair Bolsonaro, que já vem estremecendo as relações com a União Europeia. Antes mesmo de ser eleito, o então candidato democrata ameaçou o Brasil por causa da falta de medidas para frear o desmatamento da Amazônia. “Se não parar (o desmatamento), vai enfrentar consequências econômicas significativas”, disse (Estadão – p.B1).
Biden não especificou se poderia haver sanções comerciais, mas, segundo Matias Spektor, professor de Relações Internacionais da FGV, é possível vislumbrar um cenário negativo para os exportadores brasileiros. “A péssima reputação do governo Bolsonaro no quesito ambiental já abriu espaço para que protecionistas no exterior fechem seus mercados para produtos brasileiros. O acordo de livre-comércio com a União Europeia está congelado. Houve países como Irlanda que ameaçaram punir as exportações brasileiras. Não é inconcebível que interesses protecionistas nos EUA aproveitem a reputação do Brasil nesse quesito, durante o governo Biden, para tentar bloquear o acesso brasileiro ao mercado americano” (Estadão – p.B1).
O embaixador do Brasil em Washington, Nestor Forster, diz que já manteve contato com a equipe de transição de Joe Biden e não espera “atitude de confrontação” da Casa Branca por diferenças com o governo Jair Bolsonaro. Foster será o representante brasileiro na posse do presidente Joe Biden. Ele avalia que qualquer iniciativa multilateral da nova administração dos EUA sobre temas como democracia, meio ambiente e mudanças climáticas, sem a participação do Brasil teria menos perspectivas de sucesso. Sem citar nomes, o embaixador disse que contatos com membros da equipe de Biden já forma feitos em nível adequado (Valor).
Em seu último discurso antes de viajar a Washington e tomar posse hoje como o 46º presidente dos EUA, Joe Biden não conseguiu conter o choro. Agradeceu pelo apoio dos moradores de Delaware, estado onde viveu por quase 70 anos, e disse que sentia muito a ausência do filho Beau, que morreu em 2015 vítima de um câncer no cérebro. "Eu só tenho uma coisa a lamentar: ele não está aqui", disse Biden, visivelmente emocionado (Folha). A possibilidade de um ataque interno, causado por agentes de segurança, fez com que o FBI investigasse os 25 mil homens que chegaram a Washington destacados pela Guarda Nacional. Houve remoção de 12 agentes da posse de Biden, o que expõe tensão aguda em torno de cerimônia (Folha).
Diante da falta de interlocução do chanceler Ernesto Araújo com os chineses, o Palácio do Planalto busca outras pontes para conseguir desenrolar a importação dos insumos para vacinas contra a covid-19. O ministro da Casa Civil, general Braga Netto, quer acionar nomes como Tereza Cristina (Agricultura), Roberto Campos Neto (Banco Central), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e até o vice-presidente Hamilton Mourão. O Brasil depende de insumos farmacêuticos ativos para a produção de doses da Oxford/fiocruz e da Coronavac/Butantan. Ainda não se sabe exatamente como será a tentativa de diálogo. Mas o fato é que Ernesto Araújo não tem qualquer interlocução com a China (Coluna do Estadão – p.A4).
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, admitiu que o governo federal cometeu erros, “que são sobejamente conhecidos”, na gestão da crise sanitária. Ele pondera, no entanto, que eles não justificam a abertura de um processo de impeachment, porque o presidente Bolsonaro teve mais acertos. “Se o governo dele não for bom, ele não será reeleito, caso seja candidato à reeleição, porque ele pode chegar à conclusão: 'não vai dar para mim’.” Em entrevista ao Valor, Mourão disse que a vacinação foi “politizada” e “tomou uma proporção que não devia tomar”. A discussão sem resultados positivos foi levada única e exclusivamente para o lado político, “tanto do nosso lado como do governo paulista”, afirmou.
O governo brasileiro adotou ontem um recuo diplomático que chamou atenção na cena comercial. O país desta vez não manifestou mais oposição aberta a uma proposta da Índia e da África do Sul que envolve patentes e covid-19, na OMC, como havia feito antes, ficando ao lado dos EUA, União Europeia e Japão. O Valor apurou que a constatação em Brasília é de que o país tem não só sofrido muita pressão internacional por ter ficado ao lado de países desenvolvidos nessa questão, como também não se pode ignorar a tentativa desesperada de comprar o modesto volume de 2 milhões de doses de vacinas indianas o mais rápido possível.
Após um ano marcado pela pandemia da covid-19, o INSS fechou 2020 com quase 1,7 milhão de pedidos à espera de resposta do órgão, responsável pela concessão dos benefícios da Previdência Social. Do total, 1,2 milhão aguardavam ainda uma primeira análise; outras 477 mil solicitações estavam em “exigência”, quando o INSS pede a apresentação de documentação complementar do segurado. Para o órgão, os processos em fase de exigência não integrariam o estoque da fila, por já terem passado por avaliação inicial dos técnicos. Para resolver a pendência, o segurado precisa enviar a documentação solicitada pelo site ou aplicativo Meu INSS ou, então, agendar a entrega em uma das agências do órgão (Estadão – p.B3).
A Ford convocou os empregados das fábricas que a empresa havia fechado no país para retornarem ao trabalho com o objetivo de produzir peças de reposição “por alguns meses”. A informação é dos sindicatos que representam os metalúrgicos das unidades. As entidades, no entanto, são contra a volta até que a multinacional negocie indenizações e um plano de saída do Brasil (Correio – p. 7).
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