BriefingBriefing
AGENDA,
IMPRENSA & PODER
Ano XV - Nº 4132
Brasília, DF - Quinta-feira, 14 de janeiro de 2021
  O GLOBO - Vacinação deve começar pelas capitais na 4ª feira  
  VALOR - Canadense Couche-Tard quer Carrefour e oferece US$ 20 bi  
  FOLHA - Trump é impedido pela segunda vez  
  ESTADÃO - Câmara dos EUA aprova pela 2ª vez impeachment de Trump  
  CORREIO - Reformas no BB irritam o Planalto. Ações desabam  
  ZERO HORA - Secretaria da Saúde projeta para o dia 20 a chegada da vacina ao RS  
 
ECONOMIA
 
 

O presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, confirmou ao Valor fonte do Planalto. A demissão não havia sido oficializada até o fechamento desta edição. Bolsonaro teria ficado irritado com a repercussão do fechamento de agências do banco e do plano de demissões voluntárias anunciados na segunda-feira. Fontes do BB afirmam que as medidas foram aprovadas pelo ministro Paulo Guedes e apresentadas ao Planalto. Outros interlocutores dizem que Bolsonaro não foi informado diretamente e que considerou o anúncio inoportuno.

O ministro Paulo Guedes concorda com a essência do plano de ajuste apresentado pelo banco. Integrantes da equipe econômica relataram à Folha que o anúncio da reestruturação do banco, que inclui demissões de funcionários, foi a causa da fúria no Palácio do Planalto. Na segunda-feira, o Banco do Brasil tinha informado a aprovação de um conjunto de medidas que diminuem sua estrutura organizacional, com fechamento de pontos de atendimento. Serão encerradas 361 unidades, sendo 112 agências. Também foram criadas pelo banco duas modalidades de desligamento incentivado voluntário dos servidores: Programa de Desligamento Extraordinário, disponível a todos e um programa para redistribuir os funcionários.

Na acirrada disputa pela sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara gestores, economistas e consultores creem que um nome concentra as preferências do setor financeiro. Por ser o candidato do governo, Arthur Lira (PP-AL) seria melhor recebido porque significaria menos ruído no dia a dia. Essa escolha, no entanto, não é feita com entusiasmo, dizem, mas baseada apenas em um “cálculo de risco”, de olho na sustentabilidade fiscal e na agenda de reformas. “Por incrível que pareça, o discurso de Lira tem sido muito mais de responsabilidade fiscal do que o do Baleia Rossi (MDB-SP), que é ligado ao Maia”, disse o sócio-fundador da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, em live do Valor.

Segundo Figueiredo, o mercado não está fazendo juízo de valor de quem é o melhor candidato. “É uma análise de risco, porque o ano passado nos ensinou que a discussão do teto pode gerar, inclusive, risco de rolagem da dívida pública”. Individualmente, tanto Lira quanto Baleia são nomes bem aceitos. Lira é uma das lideranças do Centrão, grupo abraçado por Bolsonaro ao longo do ano passado. Recentemente, ele participou de “lives” e encontros com o setor financeiro para se apresentar e aparar possíveis arestas. Baleia é aliado do presidente Michel Temer e tido como um sólido representante da centro-direita, favorável à agenda econômica  (Valor).

O governo vai insistir na criação de fundos imobiliários para fazer uma venda em massa e reduzir o estoque de imóveis da União, que atualmente é de 708 mil. Ainda não há uma decisão sobre se a participação da União no fundo será direta ou indireta, mas a ideia é que ele seja ofertado no fim deste ano e movimente algo entre R$ 15 bilhões e R$ 30 bilhões até 2022. A venda de imóveis sempre foi pauta prioritária do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas deixou a desejar nos primeiros dois anos de governo Bolsonaro (Valor).

Para acelerar os processos e atingir a meta de monetizar R$ 110 bilhões até 2022, o governo aposta ainda em outras frentes, como a possibilidade de o investidor privado manifestar interesse nos imóveis da União, a venda das participações que detém nos chamados terrenos de marinha e as regularizações onerosas. Em entrevista ao Valor, o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, explicou que, como a União nunca teve um fundo imobiliário, apesar de haver previsão legal desde 2015, existem muitas dúvidas jurídicas a serem sanadas antes da escolha do melhor modelo.

Um grupo de caminhoneiros marcou para 1º de fevereiro paralisação nacional da categoria como forma de tentar pressionar o governo. O movimento é liderado pela Associação Nacional de Transporte no Brasil e pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), duas entidades cujos líderes apoiaram a eleição de Bolsonaro. Plínio Dias, presidente do CNTRC e do Sindicato dos Caminhoneiros de São José dos Pinhais (PR), afirma ter sido chamado para uma reunião em Brasília no dia 26 para que o ministro Tarcísio de Freitas ouça as reivindicações. “A repercussão está tão grande que tem muitos caminhoneiros que querem estar em Brasília no dia 26”, disse em vídeo. O encontro não foi confirmado pelo ministério (Valor).

Aposentados e pensionistas do INSS que recebem acima de um salário mínimo terão reajuste de 5,45% neste ano. O aumento corresponde ao ÍNPC, cujos dados de 2020 foram divulgados ontem pelo IBGE. A confirmação do reajuste consta de portaria da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia publicada no Diário Oficial da União de ontem. De acordo com o documento, a correção tem efeito a partir de 1.º de janeiro deste ano e permite que o teto do INSS passe de R$ 6.101,06 para R$ 6.433,57. No ano passado, o reajuste foi de 4,48% (Estadão – p.B8).

Nos últimos seis anos, multinacionais do setor automotivo injetaram US$ 69 bilhões (em torno de R$ 367 bilhões) nas subsidiárias brasileiras. Desse total, US$ 36,9 bilhões foram devolvidos em remessas de lucro e pagamento de dívida com controladores. Após a saída da Ford, consultores avaliam que socorro deve perder força. Os aportes, registrados nas estatísticas de contas externas do Banco Central, asseguraram nesses anos a expansão das linhas de montagem e também ajudaram a cobrir os alegados prejuízos com a operação no país. Dados do Ministério da Economia apontam que os incentivos tributários para os fabricantes de automóveis atingiram R$ 43,7 bilhões entre 2010 e 2020 (Estadão – p.B1).

Na avaliação de economistas e consultores, a decisão primeiro da Mercedes-Benz  e, agora, da Ford de encerrar sua produção de veículos no país pode ser um sinal de que esse socorro das matrizes deve perder força daqui para frente e levar a um ciclo de enxugamento de capacidade  – numa indústria que fechou o ano passado produzindo aproximadamente três milhões de veículos a menos do que o seu potencial. “O setor está passando por uma transformação grande, mas as dificuldades no Brasil levaram a necessidades de recursos (dos controladores no exterior). Chega uma hora que as empresas desistem do Brasil”, afirma o economista Marcos Lisboa, diretor-presidente do Insper (Estadão – p.B1).

O presidente nacional do DEM, ex-prefeito de Salvador/BA,  ACM Neto, defendeu que o governo federal e o governo da Bahia adotem uma postura dura para com a Ford, que anunciou o fechamento de todas as suas fábricas no Brasil. Ele afirmou que os governos devem avaliar se a empresa cumpriu com todos os compromissos contratuais de contrapartidas a incentivos fiscais e, caso haja pendências, que a montadora seja acionada na Justiça. “Não acho que a Ford possa sair dessa forma do país, sem que pelo menos passe por algum constrangimento. Do ponto de vista das medidas legais, cabe ao governo avaliar se todos os compromissos que a Ford assumiu para ter os benefícios que teve foram cumpridos”, afirmou (Folha).

A nova cara da Ford no Brasil será a de uma empresa que deixa de fabricar carros de R$ 50 mil, considerados de entrada, como Ka ou Fiesta, para se tornar uma importadora de veículos premium, de R$ 200 mil. Globalmente, a montadora, que segunda-feira anunciou sua saída do Brasil, deve concentrar boa parte de seus investimentos no desenvolvimento de carros elétricos e autônomos, tendência já adotada por outras companhias. Para especialistas, essa será a grande mudança não apenas da Ford, mas de toda a indústria automobilística nesta década. E o Brasil não está preparado para ela (O Globo – p.19).

Em reação a declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, relacionando a produção de soja no Brasil com o desmatamento na Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão disse ontem que o mandatário francês desconhece o trabalho do setor no país. Presidente do Conselho Nacional da Amazônia, Mourão afirmou que a produção agrícola na região amazônica é “ínfima” e que Macron apenas “externou interesses protecionistas dos agricultores franceses”. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, quase 20% das exportações para a União Europeia, bloco do qual os franceses fazem parte, são de soja e farelo de soja do Brasil (Estadão – p.B7).

O governo federal disse a empresários, em reunião virtual realizada ontem e promovida pela Fiesp, que a aquisição de vacinas por empresas para imunização de funcionários será proibida. Respondendo à principal dúvida de executivos e donos de negócios, alguns dos quais já se movimentavam para importar doses, representantes dos Ministérios da Saúde, das Comunicações e da Casa Civil foram taxativos: a vacinação ficará a cargo do governo, que garantiu ter imunizantes para toda a população. Um dos participantes do encontro disse ter saído do encontro “mais tranquilo” do que entrou. Alguns dos presentes, no entanto, fizeram críticas à comunicação contraditória do governo em relação à vacinação (Estadão – p.B12).

A Câmara dos EUA votou a favor do impeachment do presidente Donald Trump pela segunda vez ontem - um fato sem precedentes na história do país. No processo, Trump foi acusado de encorajar uma turba a invadir o Congresso como parte de uma tentativa de última hora para reverter a vitória eleitoral do democrata Joe Biden na eleição presidencial. O impeachment foi aprovado por 232 votos a 197 - todos os deputados democratas mais 10 republicanos - no plenário de uma Câmara protegida por tropas da Guarda Nacional estacionadas por todo o Capitólio e arredores (Valor).

 
 
POLÍTICA
 
 

A interferência do presidente Jair Bolsonaro na eleição para o comando da Câmara e do Senado transformou a disputa, marcada para fevereiro, em um “referendo” sobre o governo. Enquanto o país discute o início da vacinação contra a covid-19, Bolsonaro entrou no varejo das negociações. Em campanha para angariar votos para Arthur Lira (Progressistas-AL), chefe do Centrão, ao comando da Câmara, o presidente recebeu ontem sete deputados em seu gabinete, no Palácio do Planalto. O resultado da queda de braço no Congresso antecipa a correlação de forças para a disputa de 2022, quando o presidente pretende concorrer a novo mandato (Estadão – p.A6).

Bolsonaro quer eleger Arthur Lira para ter o controle da Câmara, aprovar sua agenda e evitar eventual processo de impeachment. Na outra ponta, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pede votos para Baleia Rossi (MDB-SP), em um bloco que quer derrotar Bolsonaro e impedir a sua reeleição. Deputados do PTB que estiveram com Bolsonaro aproveitaram para fazer a ele um convite de filiação ao partido, que é comandado por Roberto Jefferson. Ainda não há, porém, definição por parte do presidente, que ainda vai esperar até março para ver se o Aliança pelo Brasil – partido idealizado por ele – consegue sair do papel (Estadão – p.A6).

A possibilidade de a eleição para presidente da Câmara ser realizada com voto aberto e a demissão do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, marcaram ontem as articulações pelo comando da Casa. Segundo apurou o Valor, além do processo recente de reestruturação, o BB também vinha sofrendo pressões de partidos do Centrão por cargos de diretoria (as vice-presidências), incluindo a presidência. Segundo uma fonte a par do assunto, Brandão sempre teve perfil executivo, de homem do mercado ” e avesso a negociações políticas. Outras trocas em postos de direções não são descartadas, acrescentou a fonte.

Levantada como uma possibilidade pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), adoção de um sistema de voto aberto para a eleição da Mesa Diretora da Casa provocou forte reação do deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato apoiado pelo Palácio do Planalto. Em tese, votação sem sigilo poderia beneficiar o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) que tem um amplo apoio de diversos partidos. Arthur Lira, por sua vez, aposta em conquistar votos de dissidentes destes partidos. Uma votação aberta poderia constranger parlamentares de partidos do bloco de Baleia que pretendem divergir da orientação dos seus partidos. A sinalização irritou o líder do PP, para quem Maia é centralizador e tenta tomar decisões sozinho (Valor).

A divisão no PSDB apresentou o primeiro golpe à candidatura de Simone Tebet (MDB-MS) e contribuiu para manter a vantagem de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nome do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Desconsiderando possíveis traições, uma vez que o voto é secreto, o senador mineiro conta com o apoio de bancadas que reúnem 38 votos, enquanto a candidata do MDB tem a adesão de partidos que somam 27 parlamentares. São necessários 41 votos para ser eleito. O PSDB conta com sete senadores. Em reunião virtual, a bancada se dividiu, com uma parte dos senadores defendendo a candidatura de Pacheco para não afetar interesses desses parlamentares em suas bases regionais (Folha).

O líder interino Izalci Lucas (PSDB-DF) decidiu liberar a bancada para votar conforme a vontade de cada um. À Folha, o senador afirmou que o próprio MDB não demonstrou unidade e que tem notícias de traições internas entre os emedebistas. Além disso, alguns senadores do PSDB enfrentariam problemas políticos em suas regiões caso apoiassem Tebet. Os senadores José Serra (SP) e Mara Gabrilli (SP) usaram suas redes sociais para externar apoio a Tebet, de forma independente da bancada. Simone Tebet deve se reunir hoje pela manhã com o líder da bancada tucana, Roberto Rocha (MA), para tentar reverter a situação.

A poucos dias de terminar o mandato no comando do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) está no radar do presidente Jair Bolsonaro para assumir um ministério em fevereiro, na provável reforma ministerial que o chefe do Planalto deve promover para tentar aumentar a governabilidade. O nome do parlamentar agrada a Bolsonaro porque ele poderia fortalecer a articulação política com o Congresso. Desde o fim de dezembro, Bolsonaro e Alcolumbre têm tratado sobre o assunto de forma reservada. Ao senador, o presidente ofereceu, pelo menos, o Ministério do Desenvolvimento Regional ou a Secretaria de Governo (Correio – p.3).

Depois de 84 dias de internação, passar parte da campanha eleitoral em um leito de UTI e ter seu nome escolhido por 277 mil eleitores como prefeito de Goiânia/GO, Maguito Vilela (MDB) morreu na madrugada de ontem em decorrência de complicações da covid-19, aos 71 anos. Com uma longa trajetória política em Goiás e no Congresso, a perda do prefeito que estava licenciado para cuidar da saúde gerou comoção entre autoridades, amigos e eleitores, Ele foi deputado estadual, deputado federal constituinte, senador e governador do estado. Maguito estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde outubro do ano passado (Correio – p.4).

O projeto de lei que pretende remover alguns dos controles que governadores de estado têm sobre suas forças policiais também invade atribuições da Polícia Federal em relação à fiscalização e regulação de empresas particulares de segurança privada. A avaliação é de representantes e entidades do Ministério Público e da PF. O texto em discussão prevê que caberá às polícias militares “credenciar e fiscalizar as empresas de segurança privada, os serviços de guarda de quarteirão ou similares, e as escolas de formação, ressalvada a competência da União e atendido os termos da legislação específica do ente federativo” (Estadão – p.A4).

 
 
Agenda

– O presidente Jair Bolsonaro promove live, às 19h, para apresentar o seu balanço da semana.
– O IBGE divulga Pesquisa Industrial Mensal Regional de novembro.

 
 
Vale a pena ler

Um país viciado em subsídios” – coluna de Ribamar Oliveira no Valor.

 
 
 
 
 
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