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O presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, confirmou ao Valor fonte do Planalto. A demissão não havia sido oficializada até o fechamento desta edição. Bolsonaro teria ficado irritado com a repercussão do fechamento de agências do banco e do plano de demissões voluntárias anunciados na segunda-feira. Fontes do BB afirmam que as medidas foram aprovadas pelo ministro Paulo Guedes e apresentadas ao Planalto. Outros interlocutores dizem que Bolsonaro não foi informado diretamente e que considerou o anúncio inoportuno.
O ministro Paulo Guedes concorda com a essência do plano de ajuste apresentado pelo banco. Integrantes da equipe econômica relataram à Folha que o anúncio da reestruturação do banco, que inclui demissões de funcionários, foi a causa da fúria no Palácio do Planalto. Na segunda-feira, o Banco do Brasil tinha informado a aprovação de um conjunto de medidas que diminuem sua estrutura organizacional, com fechamento de pontos de atendimento. Serão encerradas 361 unidades, sendo 112 agências. Também foram criadas pelo banco duas modalidades de desligamento incentivado voluntário dos servidores: Programa de Desligamento Extraordinário, disponível a todos e um programa para redistribuir os funcionários.
Na acirrada disputa pela sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara gestores, economistas e consultores creem que um nome concentra as preferências do setor financeiro. Por ser o candidato do governo, Arthur Lira (PP-AL) seria melhor recebido porque significaria menos ruído no dia a dia. Essa escolha, no entanto, não é feita com entusiasmo, dizem, mas baseada apenas em um “cálculo de risco”, de olho na sustentabilidade fiscal e na agenda de reformas. “Por incrível que pareça, o discurso de Lira tem sido muito mais de responsabilidade fiscal do que o do Baleia Rossi (MDB-SP), que é ligado ao Maia”, disse o sócio-fundador da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, em live do Valor.
Segundo Figueiredo, o mercado não está fazendo juízo de valor de quem é o melhor candidato. “É uma análise de risco, porque o ano passado nos ensinou que a discussão do teto pode gerar, inclusive, risco de rolagem da dívida pública”. Individualmente, tanto Lira quanto Baleia são nomes bem aceitos. Lira é uma das lideranças do Centrão, grupo abraçado por Bolsonaro ao longo do ano passado. Recentemente, ele participou de “lives” e encontros com o setor financeiro para se apresentar e aparar possíveis arestas. Baleia é aliado do presidente Michel Temer e tido como um sólido representante da centro-direita, favorável à agenda econômica (Valor).
O governo vai insistir na criação de fundos imobiliários para fazer uma venda em massa e reduzir o estoque de imóveis da União, que atualmente é de 708 mil. Ainda não há uma decisão sobre se a participação da União no fundo será direta ou indireta, mas a ideia é que ele seja ofertado no fim deste ano e movimente algo entre R$ 15 bilhões e R$ 30 bilhões até 2022. A venda de imóveis sempre foi pauta prioritária do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas deixou a desejar nos primeiros dois anos de governo Bolsonaro (Valor).
Para acelerar os processos e atingir a meta de monetizar R$ 110 bilhões até 2022, o governo aposta ainda em outras frentes, como a possibilidade de o investidor privado manifestar interesse nos imóveis da União, a venda das participações que detém nos chamados terrenos de marinha e as regularizações onerosas. Em entrevista ao Valor, o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, explicou que, como a União nunca teve um fundo imobiliário, apesar de haver previsão legal desde 2015, existem muitas dúvidas jurídicas a serem sanadas antes da escolha do melhor modelo.
Um grupo de caminhoneiros marcou para 1º de fevereiro paralisação nacional da categoria como forma de tentar pressionar o governo. O movimento é liderado pela Associação Nacional de Transporte no Brasil e pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), duas entidades cujos líderes apoiaram a eleição de Bolsonaro. Plínio Dias, presidente do CNTRC e do Sindicato dos Caminhoneiros de São José dos Pinhais (PR), afirma ter sido chamado para uma reunião em Brasília no dia 26 para que o ministro Tarcísio de Freitas ouça as reivindicações. “A repercussão está tão grande que tem muitos caminhoneiros que querem estar em Brasília no dia 26”, disse em vídeo. O encontro não foi confirmado pelo ministério (Valor).
Aposentados e pensionistas do INSS que recebem acima de um salário mínimo terão reajuste de 5,45% neste ano. O aumento corresponde ao ÍNPC, cujos dados de 2020 foram divulgados ontem pelo IBGE. A confirmação do reajuste consta de portaria da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia publicada no Diário Oficial da União de ontem. De acordo com o documento, a correção tem efeito a partir de 1.º de janeiro deste ano e permite que o teto do INSS passe de R$ 6.101,06 para R$ 6.433,57. No ano passado, o reajuste foi de 4,48% (Estadão – p.B8).
Nos últimos seis anos, multinacionais do setor automotivo injetaram US$ 69 bilhões (em torno de R$ 367 bilhões) nas subsidiárias brasileiras. Desse total, US$ 36,9 bilhões foram devolvidos em remessas de lucro e pagamento de dívida com controladores. Após a saída da Ford, consultores avaliam que socorro deve perder força. Os aportes, registrados nas estatísticas de contas externas do Banco Central, asseguraram nesses anos a expansão das linhas de montagem e também ajudaram a cobrir os alegados prejuízos com a operação no país. Dados do Ministério da Economia apontam que os incentivos tributários para os fabricantes de automóveis atingiram R$ 43,7 bilhões entre 2010 e 2020 (Estadão – p.B1).
Na avaliação de economistas e consultores, a decisão primeiro da Mercedes-Benz e, agora, da Ford de encerrar sua produção de veículos no país pode ser um sinal de que esse socorro das matrizes deve perder força daqui para frente e levar a um ciclo de enxugamento de capacidade – numa indústria que fechou o ano passado produzindo aproximadamente três milhões de veículos a menos do que o seu potencial. “O setor está passando por uma transformação grande, mas as dificuldades no Brasil levaram a necessidades de recursos (dos controladores no exterior). Chega uma hora que as empresas desistem do Brasil”, afirma o economista Marcos Lisboa, diretor-presidente do Insper (Estadão – p.B1).
O presidente nacional do DEM, ex-prefeito de Salvador/BA, ACM Neto, defendeu que o governo federal e o governo da Bahia adotem uma postura dura para com a Ford, que anunciou o fechamento de todas as suas fábricas no Brasil. Ele afirmou que os governos devem avaliar se a empresa cumpriu com todos os compromissos contratuais de contrapartidas a incentivos fiscais e, caso haja pendências, que a montadora seja acionada na Justiça. “Não acho que a Ford possa sair dessa forma do país, sem que pelo menos passe por algum constrangimento. Do ponto de vista das medidas legais, cabe ao governo avaliar se todos os compromissos que a Ford assumiu para ter os benefícios que teve foram cumpridos”, afirmou (Folha).
A nova cara da Ford no Brasil será a de uma empresa que deixa de fabricar carros de R$ 50 mil, considerados de entrada, como Ka ou Fiesta, para se tornar uma importadora de veículos premium, de R$ 200 mil. Globalmente, a montadora, que segunda-feira anunciou sua saída do Brasil, deve concentrar boa parte de seus investimentos no desenvolvimento de carros elétricos e autônomos, tendência já adotada por outras companhias. Para especialistas, essa será a grande mudança não apenas da Ford, mas de toda a indústria automobilística nesta década. E o Brasil não está preparado para ela (O Globo – p.19).
Em reação a declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, relacionando a produção de soja no Brasil com o desmatamento na Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão disse ontem que o mandatário francês desconhece o trabalho do setor no país. Presidente do Conselho Nacional da Amazônia, Mourão afirmou que a produção agrícola na região amazônica é “ínfima” e que Macron apenas “externou interesses protecionistas dos agricultores franceses”. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, quase 20% das exportações para a União Europeia, bloco do qual os franceses fazem parte, são de soja e farelo de soja do Brasil (Estadão – p.B7).
O governo federal disse a empresários, em reunião virtual realizada ontem e promovida pela Fiesp, que a aquisição de vacinas por empresas para imunização de funcionários será proibida. Respondendo à principal dúvida de executivos e donos de negócios, alguns dos quais já se movimentavam para importar doses, representantes dos Ministérios da Saúde, das Comunicações e da Casa Civil foram taxativos: a vacinação ficará a cargo do governo, que garantiu ter imunizantes para toda a população. Um dos participantes do encontro disse ter saído do encontro “mais tranquilo” do que entrou. Alguns dos presentes, no entanto, fizeram críticas à comunicação contraditória do governo em relação à vacinação (Estadão – p.B12).
A Câmara dos EUA votou a favor do impeachment do presidente Donald Trump pela segunda vez ontem - um fato sem precedentes na história do país. No processo, Trump foi acusado de encorajar uma turba a invadir o Congresso como parte de uma tentativa de última hora para reverter a vitória eleitoral do democrata Joe Biden na eleição presidencial. O impeachment foi aprovado por 232 votos a 197 - todos os deputados democratas mais 10 republicanos - no plenário de uma Câmara protegida por tropas da Guarda Nacional estacionadas por todo o Capitólio e arredores (Valor).
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