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Com a base do governo enfraquecida e ainda sob o risco de ter na presidência da Câmara um nome não alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, o Congresso deve impor ao Executivo um valor recorde de emendas parlamentares ao Orçamento. Na elaboração do plano de gastos do ano que vem, o Legislativo definirá o destino de uma cifra de cerca de R$ 17,7 bilhões — ainda maior do que os R$ 15,4 bilhões remetidos a emendas individuais e de bancadas estaduais em 2020. Neste ano, pela primeira vez, as emendas das bancadas estaduais — de parlamentares de cada estado — foram impositivas, ou seja, de pagamento obrigatório (O Globo – p.6).
Isso significa que o governo teve que pagar R$ 5,9 bilhões conforme indicado pelo Congresso. Essa quantia deve aumentar para cerca de R$ 8 bilhões em 2021, já que foi aprovado um aumento gradual ano a ano. As emendas individuais, também de pagamento obrigatório, segundo a Constituição, devem aumentar de valor ou pelo menos permanecer no mesmo patamar. A previsão no Orçamento enviado pelo governo é de R$ 9,7 bilhões, mais do que os R$ 9,5 bilhões a que parlamentares tiveram direito este ano. Os valores exatos dependem de como será a receita do governo federal em 2020, o que ainda pode mudar em relação à previsão do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) – O Globo – p.6.
Depois de uma falha da sua própria articulação política, o governo teve de entrar em campo ontem para barrar a votação pelo plenário da Câmara de Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que pode retirar R$ 4 bilhões do caixa da União por ano. Em 12 anos, valor pode chegar a R$ 43 bilhões. A proposta defendida até mesmo por parlamentares da base do governo foi incluída, de última hora, na pauta da votação pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e acabou colocando mais uma saia justa para o presidente Bolsonaro e sua equipe econômica depois do impasse em torno da concessão do 13.º para os beneficiários do Bolsa Família. A votação está prevista para hoje (Estadão – p.B1).
A PEC aumenta em 1% escalonado em quatro etapas o repasse de recursos para os prefeitos via o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Atualmente, de 49% da arrecadação total do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), 22,5 pontos porcentuais são direcionados aos municípios por meio do FPM. A proposta prevê que a parcela aumente para 23,5 pontos porcentuais, subindo o repasse global de 49% para 50% da arrecadação. O aumento é em fases: 0,25% no primeiro e segundo anos; 0,5% no terceiro e 1% a partir do quarto ano. A equipe econômica tratou o assunto como uma “bomba fiscal” (Estadão – p.B1).
Em demonstração de força na disputa pela sucessão à Câmara, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) superou tentativa de obstrução à pauta da Casa e jogou sobre o governo a responsabilidade por retirar de votação a PEC que prevê ajuda a municípios. Em sessão tumultuada, a base aliada do governo tentou impedir a votação da proposta que aumenta os repasses para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). A PEC já foi aprovada pelo Senado, em dois turnos, e pela Câmara, em um turno, em dezembro do ano passado. O placar foi de 343 votos a favor e seis contra. Por ser uma PEC, são necessários 308 votos na Casa, em dois turnos, para o projeto ser aprovado (Folha).
O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu que o Congresso suspenda o recesso de fim de ano. Segundo Mourão, é importante votar, entre outras medidas, a proposta de emenda à Constituição – PEC Emergencial, que autoriza medidas de ajuste fiscal. “O que eu vejo, como não está o Orçamento votado, seria importante que o Congresso suspendesse o recesso, não só para votar o Orçamento, mas eu acho importante que se votasse a PEC Emergencial, que vai permitir que a gente consiga passar o ano de 2021 sem maiores problemas — disse o vice-presidente (O Globo – p.22).
Para elevar a arrecadação no curto prazo, o Ministério da Economia prepara projeto para permitir a cobrança de uma taxa pela valorização de imóveis declarado no Imposto de Renda. A medida faz parte de um pacote que o ministro Paulo Guedes tem chamado de quinta etapa da reforma tributária do governo, cuja meta é elevar as receitas públicas por meio de mudanças na legislação. O Congresso ainda não aprovou nenhuma etapa da reforma tributária. Hoje, não é possível atualizar, na declaração anual do IR, o preço do imóvel de acordo com o valor de mercado. Mas, no momento da venda, é necessário pagar uma taxa sobre a valorização do bem (Folha).
As alíquotas variam entre 15% e 22,5% sobre o ganho de capital, também conhecido como lucro imobiliário. A ideia de Guedes é permitir uma atualização do valor do imóvel e já cobrar uma taxa de 4% ou 5% sobre o aumento do preço do imóvel. A alteração no preço de mercado do bem não deve ser obrigatória. Isso representaria mais receita para os cofres públicos nos próximos anos. Para o contribuinte, seria vantajoso para quem comprou o imóvel há muitos anos e pretende vender o bem. Assessores do ministro afirmam que, apesar da redução na alíquota, a medida ajudaria a elevar a arrecadação federal, pois as regras atuais têm brechas para a isenção do tributo sobre o lucro imobiliário (Folha).
Em novembro houve arrecadação de R$ 140,1 bilhões, crescimento real de 7,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado. O aumento foi influenciado pelo pagamento de tributos adiados ao longo do ano devido à pandemia. De acordo com o Ministério da Economia, os contribuintes pagaram R$ 14,7 bilhões em novembro em impostos que tinham sido adiados com a pandemia. Desconsiderando esse número, teria havido uma queda real aproximada de 4% na arrecadação do mês sobre um ano antes. "Olhando esses números, continuamos otimistas. Os indicadores demonstram retomada do crescimento", disse Claudemir Malaquias, chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita (Folha).
Em 21 estados e no Distrito Federal, os gastos com pessoal representaram mais da metade das receitas arrecadadas por esses governos entre janeiro e outubro. Os dados fazem parte de relatório divulgado ontem pelo Tesouro. De O Rio Grande do Sul foi quem mais comprometeu recursos para o pagamento desse tipo de despesa. No período, 77% da receita foi comprometido com salários e encargos de funcionários na ativa, aposentados e pensionistas. No Rio, o percentual foi de 65%, o que posiciona o estado em terceiro lugar da lista, atrás do Rio Grande do Sul e do Rio Grande do Norte, onde o custo com a folha representou 72% da receita corrente líquida entre janeiro e agosto (O Globo – p.20).
Os preços do minério de ferro alcançaram ontem o nível mais alto desde setembro de 2011 no mercado à vista da China, situando-se a US$ 176,45 no porto de Qingdao. A alta no dia foi de 7,3% e no mês a valorização chega a 34%. Executivos da indústria de mineração, analistas de bancos e de consultorias buscam entender as razões que estão impulsionando as cotações da commodity. O fato decorre da retomada da economia chinesa, depois da eclosão da pandemia, no começo do ano. Mas há também elementos de especulação e a percepção sobre eventuais riscos de oferta pelo Brasil, representados por restrições à produção da Vale em Minas, um dos principais produtores mundiais de minério de ferro (Valor).
Operação da Polícia Federal na divisa do Pará com o Amazonas culminou na maior apreensão de madeira nativa da história do Brasil. Nos últimos dias, os agentes retiveram 131,1 mil m3 de madeira. As 43.700 toras estão dispersas por diversos pontos ao longo dos rios Mamuru e Arapiuns, uma região de 20 mil quilômetros quadrados. O cálculo da apreensão é preliminar e considerado conservador pela PF. Haverá uma perícia mais apurada nos próximos dias com o apoio do Exército. "É uma área que estava sofrendo uma devastação irracional, que de forma alguma pode ser chamada de manejo florestal”, afirma o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, comandante da operação (Folha).
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