|
O Ministério da Economia elevou a projeção de rombo nas contas públicas em 2021 para R$ 247,1 bilhões. Na semana passada, a equipe do ministro Paulo Guedes previa que o déficit seria próximo de R$ 230 bilhões no próximo ano. Esse valor era semelhante ao patamar de R$ 233 bilhões estimado na apresentação da proposta de Orçamento de 2021, no fim de agosto. Ontem, porém, o governo enviou ao Congresso um ofício pedindo ajuste ao projeto de LDO de 2021. No documento, Guedes quer que a meta fiscal seja um valor fixo, e não flexível como chegou a propor em abril (Folha).
A votação da LDO ocorre hoje, a 15 dias do fim do ano. Ela precisa acontecer para evitar um apagão no governo no início de 2021, já que faltaria base legal até para pagar aposentadorias, salários e benefícios sociais. O relator da LDO, senador Irajá (PSD-TO), voltou a incorporar a previsão de emendas apontadas pelo relator-geral do Orçamento e pelas comissões do Legislativo, medida que já havia sido polêmica no ano passado e que tentou ser combatida pela equipe econômica, sem sucesso. Na prática, o dispositivo dá ao relator poderes para cortar gastos de ministérios para alocar em despesas de seu interesse. (Estadão – p.B1).
O governo propôs fixar o salário mínimo em R$ 1.088 em 2021. A previsão consta da nova versão do projeto LDO. O valor é R$ 21 maior que o proposto em agosto, quando o Ministério da Economia divulgou a proposta orçamentária para o ano que vem. O aumento se deve à revisão da projeção para a inflação medida pelo INPC. Em agosto, o Ministério da Economia divulgou uma previsão orçamentária na qual previa que o piso nacional fosse reajustado em 2,09%, equivalente à projeção para a inflação medida pelo INPC naquela ocasião (O Globo – p.25).
O ministro da Economia, Paulo Guedes, informou ontem ao Congresso, por meio de ofício em que oficializou a mudança na meta fiscal do próximo ano, que o governo reabrirá em 2021 créditos extraordinários autorizados neste ano para combater a pandemia. Isso significa que algumas despesas de combate à pandemia no próximo ano poderão ser financiadas com esses recursos. O anexo do ofício do ministro não cita os gastos que poderão ser financiados com a reabertura dos créditos extraordinários deste ano, mas fontes do governo informaram que a compra de vacinas poderá ser um deles (Valor).
O ministro Paulo Guedes estimou um gasto de R$ 20 bilhões com vacinação e a medida provisória abrindo esse crédito estava para ser assinada pelo presidente Jair Bolsonaro. A estimativa apresentada pelo governo foi que as reaberturas e o pagamento de restos a pagar de créditos extraordinários com impacto em 2021 somam R$ 31,6 bilhões. Pagamentos atrasados do auxílio emergencial também entrariam nessa conta, mas os dados não estão detalhados. A projeção foi feita, de acordo com o texto enviado ao Congresso, com base em informações consolidadas pela Secretaria do Tesouro Nacional, provenientes dos ministérios da Saúde e da Cidadania, bem como da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (Valor).
O presidente Jair Bolsonaro disse que não haverá prorrogação do auxílio emergencial e nem a criação de novo programa de distribuição de renda e afirmou que a ideia é “aumentar um pouquinho” o Bolsa Família. O presidente aproveitou para dizer que o auxílio pago a vulneráveis por causa da crise provocada pela Covid-19 tem caráter emergencial e argumentou que o país possui uma capacidade de endividamento e não pode se "desequilibrar". "Quem falar em Renda Brasil, eu vou dar cartão vermelho, não tem mais conversa", disse Bolsonaro em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da TV Band (Folha).
O governo prepara uma nova rodada do programa de saque emergencial do FGTS em 2021. A medida integra um plano contra a pandemia da Covid-19. A meta é injetar dinheiro na economia. Embora Bolsonaro fale em “finalzinho de pandemia” e o governo não reconheça a chegada de um novo surto de Covid-19, o Ministério da Economia está elaborando um cardápio de medidas que poderão ser acionadas a depender da intensidade das crises sanitária e econômica no país. Nos estudos do plano de contingência, a pasta está fazendo desenhos para os mais diversos cenários. Entre as possibilidades, está prevista a hipótese de piora da pandemia e nova decretação de estado de calamidade (Folha).
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou ontem que vacinar a população é mais barato que prorrogar os programas emergenciais do governo. Segundo ele, não há espaço fiscal para prolongar os gastos públicos. “Há um foco nas vacinas, em quem vai conseguir antes e a logística, o mercado está focado nisso também”, disse em evento virtual da Eurasia Group e transmitido pela B3. Não há espaço fiscal para prolongar gastos públicos, disse. "Entre os emergentes ficamos melhores, mas gastamos mais. Tivemos melhora nas previsões para a queda da atividade econômica, antes era de 10%, agora está entre 4% e 4,2%. Quando observamos a dívida pública e o risco, nos perguntamos, vale a pena?", questionou (Folha).
O fim prematuro do auxílio emergencial pode significar obstáculos à recuperação econômica, aumento da desigualdade e fazer com que o Brasil alcance a marca total de 24 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza. As estimativas são de Kristalina Georgieva, diretora do FMI, ao falar sobre o benefício de R$ 300 pago pelo governo para aliviar famílias pobres do impacto da pandemia. Kristalina alerta que “cortar essa corda de salvamento” cedo demais pode ser perigoso. Ela defende que países que ainda têm espaço fiscal devem utilizá-lo para acelerar a recuperação econômica (Folha).
No caso do Brasil, diz que essa margem é limitada e que as autoridades precisam se comprometer com o teto fiscal ao mesmo tempo em que protegem a população mais vulnerável. Segundo Kristalina, o início da vacinação em países como EUA e Reino Unido ainda em 2020 é “boa notícia”, mas o cenário global não vai melhorar de forma instantânea, principalmente se houver atrasos em nações que ainda não têm um plano de imunização nacional detalhado, como é o caso do Brasil. “Infelizmente, temos que reconhecer que, se a vacinação for retida em algumas partes do mundo, isso trará mais irregularidades na recuperação econômica” (Folha).
A aprovação de reformas e a sinalização clara de compromisso do governo com a sustentabilidade das contas públicas são essenciais para manter baixos e reduzir ainda mais os juros, aumentar investimentos e gerar empregos. A mensagem é da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, sobre a redução de juros nos últimos anos nas taxas cobradas de empresas e nos investimentos. O estudo aponta que o processo de ajuste, com a criação do teto de gastos e reforma previdenciária, levou ao corte estrutural da taxa Selic. Segundo a secretaria, a redução de cada ponto porcentual na taxa de juros real proporciona aumento do investimento em cerca de 2,3% nos 12 meses seguintes (Estadão – p.B3).
Foi aprovado e seguiu para sanção projeto de renegociação das dívidas dos estados que amplia a possibilidade de crédito com aval do Tesouro. Isso permite que governadores consigam crédito mais barato porque, em caso de calote, a União paga a dívida. O projeto estabelece o Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal para estados que não têm o nível de endividamento tão alto, mas que têm dificuldade para pagar servidores e fornecedores. Como contrapartida, será exigido um corte de, pelo menos, 20% de incentivos fiscais nos três primeiros anos (Estadão – p.B4).
Perto de completar 90 anos, o ex-presidente Fernando Henrique analisa a soma de desafios na saúde, na educação, na economia. E mostra-se cauteloso quando perguntado se o Brasil podia estar melhor. “É difícil prever. Mas poderia haver uma compreensão maior do sofrimento dos outros. À medida que você não se solidariza, paga o preço.A sensação que os governantes transmitem é que eles não são capazes de ouvir. O presidente principalmente, né? Tem verdades absolutas, vai para a ideologia. Acho isso perigoso”. Mas ele não leva a sério as suspeitas de que o presidente Jair Bolsonaro esteja sonhando com um governo autoritário. “Temos os tribunais, o Congresso, a mídia, o clima é de liberdade”, diz (Estadão – p.B7).
O presidente Jair Bolsonaro reconheceu ontem em um programa de TV a eleição de Joe Biden à Presidência dos Estados Unidos — 38 dias após a projeção da vitória democrata. Em entrevista ao Brasil Urgente, da Band, Bolsonaro disse que esperou que os delegados do Colégio Eleitoral confirmassem o resultado do pleito de 3 de novembro, o que aconteceu na segunda-feira. “O americano é pragmático, vamos fazer um trabalho de cada vez mais aproximação", afirmou o presidente, um dos últimos líderes a reconhecer o resultado da eleição americana. "Não cabe mais eu falar absolutamente nada. Esperei, houve o reconhecimento e nós, aqui, já fizemos o comunicado ao presidente Joe Biden", disse (Folha).
Último chefe de Estado do G-20 a tomar essa decisão, Bolsonaro vinha seguindo instruções do embaixador Nestor Forster, conforme telegramas a que o Estadão (p.A14) teve acesso. Na contramão de observadores americanos e europeus, o diplomata enviou a Brasília, ao longo da contagem dos votos, descrições baseadas em análise e notícias falsas que puseram em xeque a lisura da disputa. Nelas, o diplomata repassou, num primeiro momento, análises que enfatizavam a desconfiança no processo eleitoral e, depois, com a confirmação do resultado favorável a Biden, relatos que apostavam numa virada de mesa nos tribunais.
Em visita à Ceagesp, em São Paulo, Jair Bolsonaro disse ontem que os defensores da privatização do terreno são “ratos” cujo interesse é beneficiar amigos. A afirmação foi interpretada como um ataque indireto ao governador João Doria (PSDB), que defende a transferência da Ceagesp e a privatização da área onde se encontra o entreposto. “Estamos desratizando o Brasil e aqui é um ninho de ratos. Para quem fala em privatização, enquanto eu for o presidente da República essa é a casa de vocês. Nenhum rato vai querer privatizar isso aqui para beneficiar seus amigos”, afirmou o presidente durante cerimônia de inauguração da reforma da torre do relógio da Ceagesp (Estadão – p.A8).
Numa derrota para o governo Jair Bolsonaro e o chanceler Ernesto Araújo, o Senado rejeitou, ontem, a indicação do embaixador Fabio Mendes Marzano para ocupar a posição de delegado permanente do Brasil na ONU, em Genebra, na Suíça. A rejeição ocorreu por ampla margem: 37 votos contrários a nove favoráveis, num sinal de fragilidade da base governista na Casa. Marzano havia sido aprovado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, em parecer do senador Fernando Collor de Mello (Pros-AL). O placar na comissão foi de 13 a 0, favorável ao embaixador. Porém, o diplomata indispôs-se com a senadora Kátia Abreu (PP-TO) durante a sabatina (Correio – p.3).
|
|