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A decisão do Supremo Tribunal Federal de barrar a possibilidade de reeleição na Câmara e do Senado aumentou a pressão de parlamentares e de integrantes do governo para que o presidente Jair Bolsonaro faça mudanças nos ministérios para acomodar aliados. O movimento é considerado determinante para que o Executivo consiga emplacar nomes no comando das duas casas legislativas a partir de fevereiro de 2021, o que é fundamental para o Palácio do Planalto impor sua agenda nos dois últimos anos de mandato. A expectativa é que Bolsonaro anuncie todas as mudanças de uma só vez, apenas após as eleições no Legislativo (Estadão – p.A4).
Uma das alterações estudadas é transferir o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, para a Secretaria-geral da Presidência, no lugar de Jorge Oliveira, que deixa o governo no fim do ano para assumir uma vaga no TCU. Também são discutidas mudanças nos ministérios da Cidadania, Turismo e Relações Exteriores. Apesar da pressão, Bolsonaro já indicou que Ricardo Salles continua no comando do Meio Ambiente. Para o lugar de Ramos, na Secretaria de Governo, são ventilados os nomes do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), e do ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD) - Estadão – p.A4.
A reviravolta no placar que levou o STF a evitar atropelo à Constituição ao barrar a possibilidade de reeleição da atual cúpula do Congresso enfraqueceu o DEM, que hoje comanda Câmara e Senado, e deu projeção ao MDB. O placar da votação ficou em 6 a 5 contra a reeleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP) no Senado, e 7 a 4 contra a de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Câmara. Com o resultado, o DEM busca conter os danos e manter o controle de ao menos uma das Casas, o que não será tarefa fácil, avaliam líderes partidários e mesmo integrantes da sigla. MDB e Republicanos também almejam a cúpula do Congresso (Folha). O julgamento ampliou o racha no STF (O Globo).
O presidente do STF, Luiz Fux, em conversas reservadas, foi persuadido a mudar de voto e deixar de apoiar a reeleição do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para as presidências das Casas do Congresso. A pressão sobre o presidente da Corte, que é a guardiã da Constituição, veio de dentro e de fora, sobretudo porque, abrindo a porta para que os dois parlamentares pudessem se candidatar ao posto que hoje ocupam, feriria exatamente um preceito previsto na Constituição. A votação, que poderia seguir até o dia 14, foi decidida na noite do último domingo (Correio – p.2).
As eleições para a presidência das duas casas do Congresso estão marcadas para 1º de fevereiro. Mas aliados de Rodrigo Maia querem anunciar até o próximo fim de semana quem será o escolhido para enfrentar Arthur Lira (PP-AL), candidato mais forte até o momento e que tem apoio do Palácio do Planalto. Além de Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento e Fernando Coelho Filho (DEM-PE), outros deputados estão na briga pelo apoio do entorno de Maia, como Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Luciano Bivar (PSL-PE). Aguinaldo não tem o respaldo do partido, já que o PP quer viabilizar Lira. Rossi, Bivar e Bezerra Filho têm dificuldade em conquistar votos nos partidos de esquerda, como o PT (Folha).
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acusou o governo de ter antecipado o processo de sua sucessão ao estimular a pré-candidatura de Artur Lira (PP-AL), candidato do Centrão. E foi além: disse que o objetivo do governo era “derrotá-lo”, apesar de ressaltar que nunca se colocou como candidato à reeleição. Para a sua sucessão, Maia afirmou que tem conversado com um grupo de deputados comprometidos com a agenda econômica liberal e com a independência da Casa em relação a outros poderes. Disse que a decisão do STF deu mais “energia” aos deputados que articulam a disputa pelo comando da Câmara (Correio – p.3).
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) ficou bastante incomodado com a postura do Palácio do Planalto no decorrer do processo, segundo relatos à Folha. A aliados, o presidente do Senado tem dito que não vai recorrer da decisão do STF. Alcolumbre tinha apoio do governo para tentar seguir no cargo. No caso de Maia, a postura era outra. O deputado é visto como adversário político. Por isso, o presidente Jair Bolsonaro participa de articulações para colocar um aliado no comando da Câmara. O objetivo do presidente da República era sobretudo derrotar Rodrigo Maia.
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, negou pedido do presidente do Jair Bolsonaro para não depor no inquérito que investiga suposta interferência política na Polícia Federal. Em decisão do último dia 5 tornada pública ontem, o ministro decidiu que caberá ao plenário do STF definir como será o depoimento do presidente, se presencial ou por escrito. No fim de novembro, Bolsonaro abriu mão da possibilidade de se justificar pessoalmente sobre a suposta interferência que ele teria tido no órgão. Moraes argumentou que a Constituição garante o direito ao silêncio, mas não o "direito de recusa prévia e genérica à observância de determinações legais" a um investigado ou réu (Folha).
O procurador-geral da República, Augusto Aras, autorizou a prorrogação da atuação das forças-tarefas da Lava-Jato no Paraná e no Rio de Janeiro. Em Curitiba, os procuradores poderão atuar na operação até 1º de outubro de 2021. O prazo inicial se encerraria em janeiro de 2021. Neste caso, o grupo também será expandido, dos atuais 13 para 19 procuradores, com a integração do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). No Rio, o prazo de atuação da Lava-Jato, que acabaria hoje, foi prorrogado até 31 de janeiro de 2021(Folha).
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