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Desmotivado com o resultado do primeiro turno das eleições municipais, o presidente Jair Bolsonaro pretende se manter longe da disputa nesta fase final. A cinco dias do segundo turno, ele admitiu a aliados ter se decepcionado com a postura de alguns candidatos durante a campanha eleitoral e afirmou já ter cumprido seu papel ao pedir votos nas transmissões ao vivo para 58 concorrentes na fase inicial do pleito. A aliados, Bolsonaro disse ter se desgastado apoiando candidatos que, na visão dele, pouco trabalharam para melhorar o desempenho pífio que vinham tendo durante a campanha (O Globo – P.6).
O presidente sentiu que muitos dos apoiados acreditaram que bastava apenas ter seu respaldo para elevar suas intenções de votos nas cidades, o que não aconteceu. E a derrota deles foi interpretada, então, como fracasso do presidente. Interlocutores o haviam alertado de que o cenário de derrotas desgastaria sua imagem e poderia demonstrar fraqueza. Por outro lado, alguns aliados defendiam usar a campanha municipal como “termômetro” para 2022, quando Bolsonaro pretende se lançar à reeleição. Por isso, o chefe do Executivo decidiu se arriscar e ajudar candidatos que o ajudaram na campanha de 2018, além de outros indicados pelos seus assessores, secretários e ministros (O Globo – p.6).
O presidente Jair Bolsonaro comentou, ontem, sobre a dificuldade de tirar do papel o partido Aliança pelo Brasil. Caso o partido não deslanche, o presidente afirmou que, em março, terá nova opção, devendo se filiar a um partido já existente. A declaração, sem mais detalhes, foi feita a uma apoiadora que disse fazer parte do Aliança no Paraná. “Não é fácil formar um partido, hoje em dia. A gente está tentando, mas, se não conseguir, a gente, em março, vai ter uma nova opção, tá ok?”, ressaltou. A tentativa de criar o novo partido ainda está longe de atender os requisitos para obter o registro no TSE. Precisa de 402 mil assinaturas válidas e só conseguiu 42.789 (Correio – p.2).
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou ontem que não superou os desentendimentos com o ex-presidente Lula (PT), com quem se encontrou em setembro. Disse, porém, que a conversa serviu para a retomada do diálogo. “Nós conversamos depois de quase dois anos de desentendimentos profundos. Não superamos os desentendimentos, mas restauramos o diálogo. Ele me convidou para conversar e acho que política a gente faz conversando, dialogando, mesmo que eu tenho entrado com as mesmas ideias e saído com as mesmas convicções e ele, certamente, entrou com as mesmas convicções que saiu”, afirmou Ciro, em entrevista à Rádio Jornal Pernambuco (O Globo – p.6).
Ciro Gomes ainda afirmou que a conversa serviu para tratar "as diferenças de forma franca, aberta, sincera, pensando na questão do Brasil". O ex-ministro atacou o PT e principalmente a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. Anteriormente, já havia afirmado que conversa serviu para lavar roupa-suja. Para Ciro, Lula "impôs a Dilma para continuar mandando" e assim acabou criando as condições para que Jair Bolsonaro fosse eleito em 2018. “A Dilma, sem nenhuma experiência, se agarra na economia mais atrasada e a corrupção generalizada, que infelizmente não dá para ser escondida. Isso criou as condições no Brasil para o povo votar neste absurdo que está se revelando ser o Bolsonaro (O Globo – p.6).
A uma semana do segundo turno em São Paulo, candidato do PSOL, Guilherme Boulos, reduziu a distância do primeiro colocado na corrida eleitoral, o prefeito Bruno Covas (PSDB). Segundo o Datafolha, na pesquisa feita nos dias 17 e 18, divulgada ontem, Boulos passou de 42% para 45% dos votos válidos. Cova oscilou negativamente de 58% para 55%. A contagem por votos válidos, que excluem os brancos e nulos, é a forma com que o TRE contabiliza o resultado. Da última pesquisa para cá, Boulos subiu cinco pontos, indo de 35% para 40%, atraindo para si eleitores que iam votar em branco ou anular (que caíram de 13% para 9%) e indecisos (que oscilaram de 4% para 3%) – Folha.
A tensão entre as campanhas do segundo turno para a Prefeitura de Goiânia aumentou. Houve pedido para que a Polícia Federal investigue fake news sobre o estado de saúde do candidato e ex-governador Maguito Vilela (MDB). Ele está internado há um mês com Covid-19. E apure as acusações de seu opositor, senador Vanderlan Cardoso (PSD), de que o grupo de seu adversário estaria praticando “estelionato eleitoral”. O resultado do primeiro turno das eleições surpreendeu as duas campanhas. Vilela ficou com 36,02%, e sua equipe não esperava alcançar a vantagem de 68.455 votos. Vanderlan, que é apoiado pelo governador Ronaldo Caiado (DEM), teve 24,67% dos votos (Folha).
Vanderlan Cardoso tentou ligar seu nome ao do presidente Jair Bolsonaro, mas não obteve os resultados desejados. Além disso, acusou a campanha de Maguito Vilela de não ser transparente sobre a saúde do candidato, estratégia que acabou se voltando contra ele. Além disso, declarou apoio ao senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro nas partes íntimas durante uma operação da Polícia Federal. Pesquisa mostra que Maguito Vilela mantém a liderança na disputa, com a preferência de 43,9% dos entrevistados. Vanderlan ficou com 29,3% das respostas estimuladas (Correio – p2).
Segundo pesquisa do Ibope, em Fortaleza, o deputado estadual José Sarto Nogueira (PDT), nome apoiado pelos irmãos Gomes, alcançou 53% das intenções de voto contra 35% do adversário Capitão Wagner (Pros), que tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Segundo a pesquisa, o candidato do PDT absorveu 70% dos votos da petista Luizianne Lins, que ficou em terceiro lugar. O candidato do Pros herdou apenas 11%. Em Maceió os dados sugerem virada na disputa. A corrida está tecnicamente empatada entre o deputado federal JHC (PSB), que tem 42% das intenções de voto, e o ex-procurador-geral de Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do estado Alfredo Gaspar Mendonça (MDB), com 38% (Valor).
O dinheiro privado nas eleições de 2020 já chegou a R$ 1,2 bilhão, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral. A soma supera o patamar de 2018, que ficou de R$ 1,1 bilhão, em valores já corrigidos. Na lista dos maiores financiadores da campanha, destacam-se os irmãos Mattar, da Localiza, Rubens Ometto, da Cosan, e o senador Eduardo Girão (Podemos-CE). Apesar da proibição de que empresas banquem os candidatos, decisão tomada há cinco anos, o poderio empresarial continua influente já que donos e executivos das empresas podem fazer doações, limitadas a 10% de seus rendimentos (Folha).
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, disse que existe um esforço de desacreditar o processo eleitoral quando o resultado não agrada determinado grupo. Ele citou como exemplo a atuação de milícias digitais no Brasil nas eleições municipais do dia 15 e também a eleição presidencial dos Estados Unidos em que, mesmo com a vitória numérica de Joe Biden nas urnas, há resistência por parte de aliados do presidente Donald Trump em admitir a derrota. “Uma versão contemporânea do autoritarismo são essas milícias digitais que atuam na internet, procurando destruir as instituições e golpeá-las, criando um ambiente propício para a desdemocratização (O Globo – p.10).
A despeito do avanço no desenvolvimento de diversos tipos de vacina contra a covid-19 e dos riscos de uma segunda onda da doença atingir o Brasil, o governo Jair Bolsonaro está resistindo a cumprir uma decisão do TCU e entregar um planejamento detalhado para a imunização da população. A determinação do órgão de controle foi aprovada pelo plenário no dia 12 de agosto, mas a Advocacia-Geral da União recorreu e até agora não há indicação de que o plano sequer exista e, muito menos, de que será apresentado. Não é a primeira vez que a AGU atua para postergar o compartilhamento de informações com o tribunal. Em junho ocorreu caso semelhante (Valor).
Por unanimidade, o STF confirmou a liminar que, em junho, obrigou o governo federal a divulgar a íntegra dos dados sobre a pandemia. Os processos foram ajuizados por partidos de oposição e pela Ordem dos Advogados do Brasil depois que o Ministério da Saúde mudou o método de divulgação das informações, dificultando o acesso aos dados. No julgamento em plenário virtual, encerrado na sexta-feira, o STF decidiu que a pasta deve “manter, em sua integralidade, a divulgação diária dos dados epidemiológicos relativos à covid-19, inclusive no site, e com os números acumulados de ocorrências, exatamente conforme realizado até o dia 4 de junho” (Valor).
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