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As eleições se aproximam e, com o fechamento das urnas no primeiro turno, a equipe econômica prepara a “linha de ataque” para conseguir retomar sua agenda no Congresso. Com várias propostas dependendo da análise de deputados e senadores, a equipe do ministro Paulo Guedes mira medidas que ajudem a navegar a economia no curto prazo, como a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), sem a qual não há como executar as despesas de 2021, mas também no médio e longo prazos, como a lei de falências e os marcos do gás, da cabotagem, da energia e de concessões, autonomia do Banco Central. Há preocupação também com o suporte fiscal, no caso as PECs Emergencial e do Pacto Federativo (Valor).
Indicadores especiais de atividade, criados durante a pandemia, mostram que o período de forte recuperação da economia, iniciado já em meados de abril, encerrou-se em outubro — mês em que ocorreu a redução de estímulos governamentais. Dados para novembro confirmam que a atividade se estabilizou em um nível ainda abaixo do patamar pré-crise, e a expectativa dos analistas responsáveis por esses índices é de uma recuperação mais lenta na sequência. A análise de quem acompanha os índices é que a desaceleração reflete fatores como aumentos de preços e a redução, de R$ 600 para R$ 300, no valor do auxílio emergencial para trabalhadores informais no final de setembro (Folha).
A alta de 1,8% no volume de serviços prestados em setembro ante agosto, informada ontem pelo IBGE, confirmou a retomada do setor, mais lenta do que a recuperação do varejo e da indústria, que já eliminaram as perdas com a crise da covid-19. Por causa do caráter eminentemente presencial das atividades, mesmo após cinco meses de avanços, o setor não recuperou o nível de fevereiro. A alta de 8,6% no terceiro trimestre ante o segundo ficou longe do tombo de 15,5% no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano. Mesmo assim, como essa lentidão já era esperada, o dado do IBGE confirma a retomada da economia como um todo no terceiro trimestre, segundo economistas (Estadão – p.B5).
Em teleconferência organizada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o ministro Paulo Guedes voltou a defender a criação de um novo imposto nos moldes da antiga CPMF. “Vamos criar, sim, o imposto e vamos reduzir a taxa de impostos indiretos. Esse é o nosso compromisso de não aumentar imposto. Vamos fazer substituição. Queremos desonerar a folha, que é o mais cruel dos impostos que produziu uma arma de destruição em massa de empregos. Isso é uma vergonha: 40 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho”, disse. Ao defender mais uma vez a ideia, ontem, ele provocou novas críticas no mercado (Correio – p.6).
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o fim do auxílio emergencial de R$ 300 em dezembro deve contribuir para arrefecer a alta nos preços de alimentos e de materiais de construção. "Na hora que o auxílio emergencial veio, com as pessoas em confinamento, elas gastaram com material de construção, melhoraram suas casas, e foram ao supermercado", afirmou em evento virtual promovido pela Abras. "O auxílio era de R$ 600, desceu para R$ 300, e depois aterrissa no Bolsa Família ou no Renda Brasil que estamos estudando. Quando houver essa aterrissagem, essas altas transitórias de preços setoriais devem se acalmar", afirmou (Folha).
Se houver uma segunda onda da covid-19, a prorrogação do auxílio emergencial não é uma possibilidade, mas uma certeza, disse ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas esse, frisou, não é o “plano A” da equipe econômica, que trabalha com a remoção gradual do benefício criado para fazer frente à crise. “Se houver uma segunda onda, não é uma possibilidade, é uma certeza. Vamos ter que reagir, mas não é o Plano A” disse. O governo pensa em converter o auxílio emergencial no Renda Brasil ou continuar com o Bolsa Família. “Temos duas possibilidades e é uma escolha política”, disse o ministro (Valor).
Em vigor desde 13 de novembro de 2019, a reforma da Previdência superou a expectativa do governo e acumula R$ 8,5 bilhões em recursos federais poupados. A projeção inicial era de economia de R$ 3,5 bilhões em 2020. Além da redução de despesas, a arrecadação após a elevação da contribuição cobrada de servidores federais e de militares das Forças Armadas também cresce mais que o esperado. O governo ainda não atualizou suas projeções e mantém a expectativa de impacto de R$ 800,3 bilhões em uma década. Até 2030, o déficit se manterá na casa dos 3% do PIB. Apesar dos sinais positivos, especialistas afirmam que é cedo para rever a tendência para os gastos previdenciários (Estadão – p.B4).
Eles defendem a necessidade de nova reforma na próxima década, para elevar as idades mínimas de aposentadoria, unificar as regras entre categorias e criar o regime de capitalização, em que o trabalhador contribui para uma conta individual que bancará a aposentadoria. Um ano após sua aprovação, a reforma da Previdência começa a dar sinais de sua eficácia para as contas públicas do país. Nas receitas do INSS, o efeito é incerto por causa do choque provocado pela pandemia do novo coronavírus. Empresas puderam adiar pagamentos, e o aumento nas demissões reduz o número de contribuintes da Previdência. Tudo isso levou a uma queda na arrecadação (Estadão – p.B4).
O presidente Jair Bolsonaro pode até não ter reconhecido o democrata Joe Biden como o governante eleito dos Estados Unidos e ainda chamar o futuro mandatário de “candidato a chefe de Estado”, mas os representantes do agronegócio não pensam assim. Eles avaliam que o país precisa reverter a imagem negativa de desmatamentos em alta e baixa proteção ambiental. “Estamos no limiar de uma mudança de comando na maior economia do mundo, os Estados Unidos, com a eleição de Biden. O Brasil é eficiente e competitivo e não tem o que temer na nova gestão, mas um país não é amigo de pessoas, tem negócios com outros países”, afirma o ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesario Ramalho (Estadão – p.B1).
Bolsonaro reforçou ontem que descarta a ideia de expropriar terras de quem comete crimes ambientais e garantiu que demitirá quem levantar esta hipótese. Em conversa com seguidores em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente disse que só não demitiria quem é “indemissível”, em referência ao vice-presidente, Hamilton Mourão. A medida está sendo estudada pelo Conselho Nacional da Amazônia, presidido por Mourão. “Ou é mais uma mentira ou alguém deslumbrado do governo resolveu plantar esta notícia. A propriedade privada é sagrada. Se alguém levantar isso aí, eu simplesmente demito do governo. A não ser que esta pessoa seja indemissível”, afirmou o presidente (Valor).
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, por sua vez, que se arrepende de não ter imposto sigilo ao documento. “A finalidade era que os ministérios estudassem essas ideias e, a partir daí, colocassem as suas opiniões para que ratificassem ou retificassem. Ou seja, isso é um planejamento”, afirmou. “Algum mal-intencionado pegou e entregou esse documento completo para um órgão de imprensa que agora diariamente solta algumas pílulas dessa natureza”. Par Mourão essa proposta é algo que está totalmente fora do contexto. “Eu, se fosse o presidente, também estaria extremamente irritado”, disse (Valor).
Indicado ontem pelo presidente Jair Bolsonaro para a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o tenente-coronel da reserva Jorge Luiz Kormann foi um dos principais articuladores da tentativa recente de mudança da contabilização das estatísticas da pandemia. Ele ocupa atualmente o cargo de secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde. Caso tenha o nome aprovado, comandará a diretoria da Anvisa responsável pela aprovação da vacina contra a covid-19. A indicação de Bolsonaro ocorre em meio a críticas sobre a politização da agência reguladora ao suspender nesta semana os testes da vacina coronavac, parceria entre do governo de São Paulo a empresa chinesa Sinovac (Valor).
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