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AGENDA,
IMPRENSA & PODER
Ano XIV - Nº 4093
Brasília, DF - Quarta-feira, 11 de novembro de 2020
  O GLOBO - Bolsonaro politiza corrida por vacina e gera falsa dúvida  
  VALOR - Educação só utiliza 32% dos recursos livres até agosto  
  FOLHA - Bolsonaro festeja suspensão de vacina; SP critica medida  
  ESTADÃO - Bolsonaro radicaliza e fala em pólvora para proteger Amazônia  
  CORREIO - Bolsonaro politiza vacina e Anvisa fica sob suspeita  
  ZERO HORA - Em sequência de altas, indústria do RS retoma nível pré-pandemia  
 
ECONOMIA
 
 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Brasil pode "ir para uma hiperinflação muito rápido" se não rolar a dívida satisfatoriamente. Os economistas classificam de "hiperinflação" quando o principal conjunto de preços de um País - o Índice Nacional de Preços a Consumidor Amplo (IPCA), no caso brasileiro - aumenta de valor em mais de 50% em um mês. O Brasil viveu mais de uma década nessa situação, entre o começo dos anos 1980 e o lançamento do Plano Real em 1994. Em março de 1990, a inflação mensal ultrapassou a casa dos 80%. Como comparação, em outubro deste ano o IPCA subiu 0,86%, de acordo com dados divulgados na sexta-feira pelo IBGE (Estadão – p.B3).

Em evento promovido pela Controladoria-Geral da União, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que se sente frustrado pelo fato de a atual administração não ter conseguido vender uma estatal. Disse que o governo foi eleito com o discurso de vendas, mas acordos políticos impedem o avanço da agenda e que é preciso cumprir o prometido na campanha. “Estou bastante frustrado de estarmos aqui há dois anos e não conseguimos vender nenhuma estatal. É bastante frustrante". Guedes lembrou que Salim Mattar, ex-secretário especial de Desestatização, deixou o cargo ao constatar que seu trabalho não daria resultados expressivos dada a pouca disposição de agentes políticos em vender empresas (Folha).

Quatro empresas estatais (Correios, Eletrobras, porto de Santos e PPSA) deverão estar privatizadas até o fim do ano que vem, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele reclamou da existência de um acordo contrário às privatizações no Congresso Nacional. As falas de Guedes ocorreram em dois eventos. O primeiro foi promovido pela Controladoria-Geral da União (CGU), que discutiu boas práticas em privatização. O segundo, realizado pela agência de informações Bloomberg. O governo precisa, segundo ele, recompor seu eixo político para vender empresas estatais como vem prometendo desde a campanha eleitoral. No entanto, há uma “guerra política” em torno do processo, disse. Sem dar detalhes, ele lamentou ter sido “ingênuo” a ponto de anunciar que privatizaria as quatro empresas neste ano, após chegar a um entendimento sobre essa agenda com deputados e senadores. (Valor – p. A2)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que o auxílio emergencial pode voltar a ser pago à população no ano que vem, mas apenas caso o país seja atingido por uma nova onda do coronavírus. As declarações foram feitas em resposta a uma pergunta sobre o auxílio emergencial e sua possível continuidade no ano que vem. "Deixamos bem claro para todo mundo. Se houver uma segunda onda no Brasil, temos já os mecanismos. Digitalizamos 64 milhões de brasileiros. Sabemos quem são, onde estão e o que eles precisam para sobreviver", afirmou Guedes em teleconferência com a agência Bloomberg (Folha).

A crise econômica deflagrada pela pandemia do coronavírus agora é uma ameaça para o pagamento do 13º, especialmente entre pequenas e médias empresas. Pesquisa já contabiliza o tamanho do problema em São Paulo. Entre as pequenas e médias indústrias do estado, seis em cada dez projetam que terão dificuldades com o pagamento do 13º salário de seus funcionários e, na comparação com o ano passado, mais da metade diz que a situação está mais complicada agora. Entidades de outros setores, que não chegaram a fazer sondagem sobre o tema, recebem relatos de pequenos negócios com o mesmo problema (Folha).

O secretário especial de desestatização, Diogo Mac Cord, avalia que o apagão no Amapá não deve afetar a tramitação do projeto de privatização da Eletrobras. Segundo ele, reações contrárias no “calor do momento” são naturais, mas insistiu que o caminho é melhorar a regulação, evitando que problemas desse tipo se repitam, com empresas públicas ou privadas. (Valor – p. A2)

A economia brasileira fechou o terceiro trimestre deste ano com crescimento expressivo, embora heterogêneo entre os setores, mas a redução do auxílio emergencial, as incertezas provocadas pela pandemia e a piora recente das condições financeiras levantam dúvidas sobre o ritmo da recuperação da atividade no quarto trimestre e em 2021, de acordo com a avaliação de economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). “Esperamos uma acomodação [da atividade] com o fim dos estímulos”, afirmou Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro do Ibre-FGV. (Valor – p. A16)

O governo Jair Bolsonaro deu um passo crucial ontem, ao aderir aos princípios de um acordo tecnológico com os Estados Unidos, com efeito direto na possibilidade de o Brasil adquirir sistemas de quinta geração (5G) da China. O governo brasileiro declarou apoio à iniciativa “Clean Network” (Rede Limpa, em português), lançada pelo governo Donald Trump. O anúncio ocorreu em cerimônia no Itamaraty com o secretário de Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas, embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, e o secretário de Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Keith Krach (Estadão – p.B1).

O programa Rede Limpa é uma iniciativa diplomática dos EUA para convencer países a banir de suas redes de telecomunicações “fornecedores não confiáveis”.  O programa de Trump é definido como uma abordagem abrangente para proteger a privacidade de cidadãos e informações sensíveis de empresas de invasões agressivas de “atores malignos como o Partido Comunista Chinês”. “O Brasil apoia os princípios contidos na proposta do Clean Network feita pelos Estados Unidos, inclusive na OCDE, destinados a promover no contexto do 5G e outras novas tecnologias um ambiente seguro, transparente e compatível com os valores democráticos e liberdades fundamentais”, disse o embaixador Costa e Silva (Estadão – p.B1).

Puxada mais uma vez pela soja, a safra de grãos de 2021 deverá registrar mais um recorde, conforme estimativas tanto do IBGE quanto da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para o IBGE, que divulgou nesta terça-feira, 10, seu primeiro prognóstico para o ano que vem, a produção agrícola deverá somar 253,2 milhões de toneladas, 0,5% acima de 2020. A Conab, que divulgou sua segunda estimativa para a safra 2020/21, a produção total deverá somar 268,94 milhões de toneladas, 4,6% acima da temporada de 2019/2020. Com a colheita deste ano praticamente terminada, o IBGE manteve a projeção para a safra de 2020 em 252 milhões de toneladas, resultado 4,4% maior do que a de 2019 (Estadão – p.B5).

 
 
POLÍTICA
 
 

Além de não cumprimentar o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, pela vitória, o presidente Jair Bolsonaro fez críticas veladas a ele. Em discurso no Palácio do Planalto,  comentou a declaração do norte-americano de que, se o Brasil não acabar com a devastação na Amazônia, os EUA podem aplicar represálias ao país. “Assistimos, há pouco, um grande candidato a chefe de Estado dizer que se eu não apagar o fogo na Amazônia, levanta barreiras comerciais contra o Brasil. Como é que nós podemos fazer frente a tudo isso? Apenas na diplomacia não dá, porque quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona” (Correio – p.4).

A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de suspender os testes da CoronaVac — vacina contra a covid-19, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac — escancarou a politização em torno da busca por um imunizante capaz de frear a doença. A paralisação dos estudos foi comemorada, ontem, pelo presidente Jair Bolsonaro, com estocadas no governador de São Paulo, João Doria (PSDB), desafeto político dele. A atitude do presidente gerou enxurrada de críticas no país que contabiliza mais de 160 mil mortos pela doença (Correio – p.2).

A decisão da Anvisa de suspender os testes da vacina Coronavac, desenvolvida com apoio do governo de São Paulo, foi comemorada nas redes sociais pelo presidente Jair Bolsonaro, que a considerou uma vitória pessoal. A deliberação gerou reações políticas e, no fim do dia, o ministro do STF, Ricardo Lewandowski, deu 48 horas para a Anvisa explicar a decisão. O presidente d agência, Antônio Barra Torres, disse que a medida foi técnica e não política, diante de evento adverso grave não previsto. O evento foi a morte de um voluntário nos testes no dia 29, que teria sido suicídio, sem relação com a vacina (Valor).

As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a CoronaVac e as suspeitas de politização das decisões Anvisa provocaram reações no Congresso. Parlamentares protocolaram requerimentos para pedir explicações da diretoria da agência, do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello e da direção do Instituto Butantan. Ao menos seis convites de deputados e senadores tinham sido apresentados até o fim da tarde de ontem. Presidente da Comissão Mista da Covid-19, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) convocou para hoje uma sessão deliberativa extraordinária para votar os requerimentos. “Neste momento, não podemos permitir, de maneira nenhuma, que se politize uma das vacinas”, disse o senador (Correio – p.3).

A construção de uma chapa à Presidência que reúna o apresentador Luciano Huck e o ex-ministro Sergio Moro é vista como embrionária por líderes de partidos de centro — entre eles partidos que formam o chamado Centrão. Acham que a dupla ainda precisaria de apoio no Congresso para se tornar viável. Por enquanto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é voz praticamente isolada nas críticas públicas a uma chapa formada por Huck e por Moro. Líderes e presidentes de partidos de centro no Congresso adotam cautela e avaliam que ainda é cedo para fazer qualquer análise sobre uma eventual aliança para se contrapor à tentativa de reeleição de Bolsonaro (Folha).

O presidente Jair Bolsonaro reagiu ontem a articulações que buscam alternativa ao seu nome nas eleições de 2022 e afirmou que não surgirá um “líder pronto” em dois anos. O presidente também disse que quem pensa que “ele tem tesão” pela cadeira de presidente está “equivocado”.  "Não teremos um líder feito no Brasil em dois anos. Não vai aparecer. A não ser montado na grana, comprando um tantão de coisa por aí, em especial os marqueteiros. Fora isso, não  haverá líderes num curto espaço de tempo”, afirmou Bolsonaro. O presidente afirmou que a vida dele na presidência é “uma desgraça”, “problema o tempo todo”, e que sua cadeira “está à disposição” (Folha).

Na estreia como ministro do STF ontem, Kassio Nunes Marques uniu-se à corrente crítica da Lava-Jato para manter decisão individual do ministro Gilmar Mendes e impor uma derrota à operação. Em julgamento da Segunda Turma da corte, o novo integrante do tribunal cumpriu as expectativas e se alinhou a Gilmar e a Ricardo Lewandowski para esvaziar a Lava-Jato e retirar a investigação contra o promotor Flávio Bonazza das mãos do juiz Marcelo Bretas, responsável pela operação no Rio de Janeiro. Bonazza foi preso em fevereiro deste ano após ser acusado pelo Ministério Público de receber mesada de R$ 60 mil de empresários de ônibus para agir em benefício de empresas investigadas (Folha).

Para o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, o presidente Jair Bolsonaro não é um grande eleitor neste ano. Para ele, Bolsonaro ou qualquer outro presidente não seria capaz de influir nos resultados das eleições municipais, marcadas pela aprovação de gestões locais. “A influência de Bolsonaro é zero ou muito perto disso. Nenhuma liderança política vai conseguir convencer o eleitor a votar em um mau gestor”, disse. Para Montenegro, a influência de Bolsonaro é horizontal em todo o país e não apenas nos grandes centros. Disse que a rejeição alta enfrentada por Celso Russomanno  pouco tem a ver com o apoio que ele recebe de Bolsonaro (Valor).

Os principais candidatos a prefeito apoiados por Jair Bolsonaro apresentam tendência de queda ou estão estagnados na disputa. E quase todos, distantes do primeiro colocado. O caso mais vistoso é o de Celso Russomanno (Republicanos), em São Paulo, que caiu do primeiro lugar para terceiro nas pesquisas. No fim de outubro, recebeu apoio de Bolsonaro numa transmissão. O presidente disse que conhecia o candidato, deputado federal, que foi tenente da Aeronáutica. “Eu capitão um capitão do Brasil e ele um tenente da prefeitura de São Paulo. Russomanno é minha pedida”, disse Bolsonaro na transmissão (Valor).

Das 5.568 cidades brasileiras com eleição municipal, 75 consolidaram uma espécie de dinastia partidária nos últimas duas décadas: elegeram prefeitos do mesmo partido nos pleitos desde 2000. O MDB é o partido que mais tem cidades governadas há  22 anos consecutivos, seguido pelo PSDB, com 17 anos. A maioria das cidades está no Rio Grande do Sul (22), Minas Gerais (12), São Paulo (11) e Paraíba (6). Dentre estas dinastias partidárias está uma capital. Teresina, no Piauí, elege prefeitos do PSDB desde 1992 e pode chegar a 30 anos consecutivos no comando (Folha).

 
 
Agenda

– A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga, às 10h, o Panorama da Pequena Indústria referente ao terceiro trimestre de 2020.
– O IBGE divulga o resultado das vendas no varejo em setembro.

 
 
Vale a pena ler

Risco fiscal voltará aos radares – coluna de Nilson Teixeira Teixeira 

 

 
 
 
 
 
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