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AGENDA,
IMPRENSA & PODER
Ano XIV - Nº 4086
Brasília, DF - Sexta-feira, 30 de outubro de 2020
  O GLOBO - Pesquisas eleitorais suspeitas se disseminam na campanha  
  VALOR - Receita de grandes empresas aumenta 7 vezes em 20 anos  
  FOLHA - Guedes diz que bancos fazem lobby com gastador  
  ESTADÃO - Venda nos supermercados cai com inflação e queda de auxílio  
  CORREIO - Terror mata brasileira em ataque na França  
  ZERO HORA - RS abre 15,8 mil empregos formais em setembro, terceiro mês seguido de alta  
 
ECONOMIA
 
 

O estado de calamidade poderá ser prorrogado, caso venha uma segunda onda do coronavírus, afirmou ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele acrescentou que seria necessário criar um mecanismo permanente para acomodar novos episódios como o atual. “Como vai ser isso, se houver uma calamidade, um ‘covid-26’?”, questionou, durante reunião da comissão mista do Congresso que acompanha as ações do governo contra a pandemia. “Nós precisamos ter uma cláusula de calamidade pública que justamente crie esse sistema de exceção para episódios em que precisemos preservar a vida e o emprego de brasileiros” (Valor).

A extensão da calamidade faz parte de um plano B do governo para a hipótese de haver uma segunda onda, como em países da Europa e nos Estados Unidos. O ministro admitiu que a doença pegará o Brasil em situação de menor fôlego fiscal e com a dívida perto dos 100% do PIB. Nem por isso o governo deixará de agir com a mesma velocidade e intensidade, disse. Os atuais programas poderão ser reeditados, corrigindo eventuais erros e excessos. “A democracia brasileira dará a resposta”, afirmou. “O que nós não podemos é, em vez de enfrentarmos os reais desafios orçamentários, usar essa desculpa para estender tudo isso como se não houvesse amanhã”, alertou. “Para isso, não contem comigo” (Valor).

As vendas dos supermercados e atacarejos caíram até 10% nas últimas semanas. A retração é atribuída à combinação de aumento dos preços de alimentos e corte de R$ 600 para R$ 300 do auxílio emergencial pago a 65 milhões de brasileiros. Apesar da desaceleração nas vendas, a escalada de preços de itens essenciais continua. Em outubro, a prévia da inflação, medida pelo IPCA-15, atingiu 0,94%. A comida respondeu pela metade da inflação ao consumidor, com destaques para carne bovina (4,83%), óleo de soja (22,34%), arroz (18,48%) e leite longa vida (4,26%). O pico de vendas nos supermercados ocorreu no mês de maio, segundo pesquisa da associação paulista do setor (Estadão – p.B1)

Diante do cenário de incerteza e volatilidade deflagrado pela pandemia de covid-19, o Brasil precisa adotar um senso de urgência e avançar com agendas econômicas importantes para garantir um crescimento mais sustentável. Entre as prioridades, está o ajuste das contas públicas, que, se perdido, colocaria em xeque conquistas recentes no país, como juros baixos e inflação controlada. Esse é o alerta da presidente do conselho consultivo do Goldman Sachs Brasil, Maria Silvia Bastos Marques, que participou ontem de live do Valor. “Volatilidade e incerteza vieram para ficar pelo menos no que eu consigo enxergar no horizonte dos próximos anos”, disse a ex-presidente do BNDES.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar ontem à noite que não vai aumentar impostos e indicou que novos tributos só serão discutidos no governo caso haja a revogação de outros encargos. Bolsonaro conversou com apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada, em fala registrada por um site bolsonarista. “Não tem aumento de imposto e ponto final. Queriam criar o imposto digital parecido com CPMF; queriam sim, teve essa proposta lá. Eu falei: ‘tudo bem, quer criar isso aqui e quantos você quer revogar? Se eu me convencer, a gente apresenta à opinião pública. Cria, recria o imposto digital de 0,2% ou 0,15%, e perde isso aqui. O que você acha que é melhor?’” (Folha).

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ontem em audiência no Congresso que a Febraban é uma casa de lobby, que financia “ministro gastador para ver se fura o teto”, em movimento que classificou como tentativa de enfraquecer seu trabalho. A declaração foi feita ao comentar a possibilidade de criação de novo tributo sobre transações financeiras, criticado pelos bancos. Segundo ele, o novo imposto está morto, extinto. “A Febraban é uma casa de lobby, muito honrada, muito justo o lobby, mas tem que estar escrito na testa ‘lobby bancário’, que é para todo mundo entender do que se trata. Inclusive, financia estudos que não têm nada a ver com a atividade de defesa das transações bancárias (Folha).

Técnicos do Ministério do Desenvolvimento Regional afirmam que Guedes distorceu informações ao falar sobre a parceria feita com a Febraban. Em junho, o ministério assinou acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em uma modalidade que não depende de recursos públicos. O projeto tem apoio financeiro de nove entidades privadas — entre elas, a Febraban. O valor repassado ao órgão da ONU foi de aproximadamente R$ 5 milhões, pouco mais de R$ 500 mil por entidade. O acordo viabilizou a contratação de uma consultoria internacional que vai propor ações para reduzir a dependência que a pasta tem do Orçamento, exatamente o contrário do que sugeriu Guedes (Folha).

As declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a Febraban caíram muito mal entre os bancos. Os comentários de executivos ouvidos pelo Valor vão de “destemperado” a “irresponsável” para qualificar o titular da pasta, com quem a relação nunca foi das melhores. Ainda assim, o setor evitou se colocar em postura de enfrentamento. A única resposta da Febraban veio na forma de uma breve nota na qual defende a sustentabilidade fiscal e a manutenção do teto de gastos. “A Febraban sempre se posicionou pela necessidade de sustentabilidade fiscal como pressuposto da retomada econômica e pela defesa clara em favor da manutenção do teto de gastos”, diz íntegra do comunicado da entidade.

Foram criadas 313.564 vagas com carteira assinada no país em setembro, o melhor resultado da história para os meses de setembro, segundo o ministro Paulo Guedes. “É o maior ritmo de criação de empregos já registrado em qualquer setembro. Todos os setores, todas as regiões do Brasil criando novos empregos, o que configura o fenômeno na volta em ‘V’ da economia brasileira”, afirmou, após a divulgação dos dados. A recuperação em “V” é citada por ele no discurso de que, após o tombo no auge da crise econômica da Covid-19, a atividade no país irá avançar rapidamente. Setembro foi o terceiro mês consecutivo de saldo positivo (Folha).

O mercado de trabalho apresenta, desde julho, recuperação após o fechamento de vagas no começo da crise do coronavírus - 1,2 milhão de vagas desapareceram nos seis primeiros meses de 2020. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que, em setembro, o país teve 1,379 milhão de contratações formais e 1,065 milhão desligamentos. Todos os setores da economia brasileira registraram criação de vagas em setembro. O resultado foi puxado pela indústria, com a abertura de 110.868 vagas. Em seguida, figuram serviços (80.481), comércio (69.239), construção (45.249) e agricultura (7.751) - Folha.

Sob os efeitos provocados pela pandemia do coronavírus, as contas do governo federal tiveram em setembro um resultado negativo de R$ 76,2 bilhões. O déficit é menor que os registrados anteriormente, mas ainda sim representa um recorde negativo para o mês. No acumulado do ano, o resultado é o pior da série histórica para o período. O rombo chegou a R$ 677,7 bilhões de janeiro a setembro. Os dados do governo central, que compreendem as contas de Tesouro, Banco Central e Previdência Social, foram divulgados nesta ontem pelo Ministério da Economia. O mês de setembro registrou o menor déficit desde março (Folha).

A equipe da Secretaria do Tesouro aproveitou a divulgação do resultado primário do governo central de setembro, ontem, para reforçar os alertas em relação à escalada da dívida pública e à importância de medidas de controle fiscal. Alongar o prazo médio das emissões, mantendo o custo em níveis baixos, é um desafio para a gestão da dívida e, para tanto, é preciso a retomada da agenda de reformas econômicas, frisaram os técnicos. A necessidade de financiamento do setor público prevista para o fim deste ano é de 17,2% do Produto Interno Bruto (PIB), patamar que deve ser visto como um “ponto fora da curva”, defendeu o coordenador-geral de planejamento estratégico da dívida, Luiz Fernando Alves (Valor).

Em live do Valor, o ex-presidente Fernando Henrique fez referência à questão do leilão da quinta geração de serviços móveis (5G), na qual os EUA pressionam a não permitir a participação da empresa chinesa Huawei. “Agora voltou uma decisão importante, sei lá o que vai ser da tecnologia, pode ser americana, pode ser chinesa, não sei. Mas no ponto de partida tem que dizer não sei. Vamos olhar. Vamos ver o que convém mais? Quem dá mais? O que custa menos? O que produz mais resultado?”, afirmou ele. “E afrontar a dificuldade se houver. Não pode fazer de antemão por razões ideológicas. Tomar uma decisão que tem efeitos na economia, na vida das pessoas. Acho que isso é um grande erro de quem conduz a política.”

 
 
POLÍTICA
 
 

O presidente Jair Bolsonaro voltou ao ataque contra governadores. Em visita, ontem, a Imperatriz (MA), para entregar obras, fez críticas indiretas ao governador Flávio Dino (PCdoB), um de seus rivais políticos. Ele afirmou que sua gestão vai “mandar embora o comunismo do Brasil”. Em clima de comício, Bolsonaro se disse feliz por estar no local, rodeado pelo povo. “Nós vamos, num curto espaço de tempo, mandar embora o comunismo do Brasil. Nós não aceitamos esse regime ditatorial, em que o povo não tem vez. Nós somos a liberdade. Nós somos aqueles que não têm medo da verdade. Com vocês, construímos um novo Brasil”, discursou (Correio – p.3).

Em São Luís, o pretexto da visita foi a inauguração de 3,7 quilômetros reformados na BR-135. No palco, além de Bolsonaro, discursaram os ministros da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, ambos elogiados pelo desempenho à frente de suas pastas pelo presidente. Principal cicerone das agendas no Nordeste, Marinho afirmou à plateia, na linha de outras manifestações, que o Nordeste “não é de nenhum partido” e que Bolsonaro irá “emancipá-lo”. O presidente argumentou que está realizando mais obras com menos recursos porque não há notícia de corrupção no governo e em função do trabalho conjunto com parlamentares (Valor).

O desentendimento entre o presidente da Câmara e o presidente do Banco Central foi superado, mas não suas motivações. Se o Congresso, ao longo de 2019, foi o esteio de estabilidade e de bom senso de um governo trepidante, deixou de sê-lo. E isso se deve, em grande parte, às indefinições sobre o comando das mesas diretoras. Em dois tuítes, no espaço de uma hora, Rodrigo Maia (DEM-RJ) fez uma acusação contra Roberto Campos Neto e dela recuou. Acusou-o de ter vazado a conversa que haviam tido no dia anterior, encontro sobre o qual o próprio deputado falou ao Valor. Depois do tuíte, Campos lhe fez um telefonema negando o vazamento.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, apagou ontem a postagem na qual chamava de “Nhonho” o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e alegou que seu perfil no Twitter havia sido invadido. Salles disse a interlocutores que identificou o ex-assessor que teria usado a sua conta na rede social para ofender Maia e quer tratar o caso como “assunto encerrado”. O nome do responsável não foi divulgado. A versão apresentada por Salles foi vista com desconfiança no governo (Estadão – p.A7).

O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), diz que o presidente Jair Bolsonaro aliou-se ao centrão por uma questão de "bom senso" para tentar ter maioria na Casa e governar o país. "Fora o centro, ele teria a esquerda. Não é o caso de ter que ceder à aliança. É apenas bom senso". O deputado avalia que Bolsonaro teve de se aliar a quem o criticou no passado justamente "para cumprir o plano de governo". Na entrevista, Barros ainda disse que "errou" ao não consultar o governo sobre uma nova Constituinte e diz que vai preparar o texto com a proposta de plebiscito sobre o tema e depois avaliará quando o apresentará (Folha).

O governo Jair Bolsonaro ampliou o espaço do Centrão na articulação política e escolheu dois novos vice-líderes para o Congresso. O senador Jorginho Mello (PL-SC) e o deputado Eros Biondini (PROS-MG) são parlamentares que têm se mostrado fiéis ao chefe do Executivo nas votações. Com isso, o governo passa a ter dez vice-líderes, escolhidos entre os partidos MDB, PL, Republicanos, MDB, PSD, PP, DEM e PROS na Câmara e no Senado. A liderança do governo é responsável pela articulação de projetos orçamentários e de vetos presidenciais, temas que envolvem interesses diretos do presidente que precisam ser analisados conjuntamente pelos deputados e senadores (Estadão – p.A7).

O encontro entre Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente Lula (PT) depois de um rompimento de dois anos está longe de significar unidade de ambos em uma frente eleitoral progressista para a disputa presidencial de 2022. Tem, no entanto, efeitos práticos e imediatos, sobretudo nas eleições municipais. Para políticos que apoiam a unidade da esquerda, o armistício veio tarde, com o risco de candidaturas de centro-esquerda nas capitais não chegarem ao segundo turno, mas tem um enorme simbolismo. Pode ser o empurrão para assegurar a unidade da esquerda caso candidatos deste campo cheguem na reta final em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre (Valor).

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a reaproximação com Ciro Gomes (PDT) passa por um pedido de desculpas ao partido e ao ex-presidente Lula. “Lula é um homem generoso, de coração grande. Mas eu, particularmente, penso que qualquer aproximação com Ciro Gomes passa por um pedido público de desculpas dele ao Lula e ao PT, pelo que ele disse, principalmente ao Lula”, afirmou. A presidente do PT disse que não poderia confirmar "conversa dos outros", mas também não negou que a reunião entre Ciro e Lula tenha ocorrido (O Globo – p.8).

A pacificação entre o ex-presidente Lula e o ex-ministro Ciro Gomes não se refletiu na relação dos partidos de ambos em Fortaleza, capital onde a eleição municipal pode ser considerada um teste para o partido de Ciro rumo a 2022. Pesquisa Datafolha desta quarta-feira, divulgada pelo jornal O Povo, indica que uma subida na preferência dos entrevistados pelo candidato do PDT de Ciro, o deputado estadual José Sarto, pode deixar fora do segundo turno a indicada do PT de Lula, a deputada federal Luizianne Lins. Sarto e Luizianne estão empatados dentro da margem de erro de três pontos percentuais (O Globo – p.8).

O número de pesquisas bancadas com recursos dos próprios institutos cresceu 174% nesta campanha em relação a 2016, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral. Foram 3.499 até ontem, contra 1.279 há quatro anos, em intervalos de tempo equivalentes. Além do aumento expressivo, há acusações de ofertas de resultados fraudulentos e uso de dados falsos de estatísticos, entre outros indícios de que a expansão do mercado de medição da intenção de votos vem acompanhada de práticas que podem interferir no processo eleitoral. Ao informarem que realizaram as pesquisas com verba própria, sem contratante externo, os institutos não precisam prestar contas sobre a origem do dinheiro (O Globo – p.4).

 
 
Agenda

– O IBGE divulga PNAD Contínua (dados de desemprego no trimestre encerrado em setembro).
– O Banco Central divulga o resultado das contas do setor público consolidado de setembro.

 
 
Vale a pena ler

Tempos de aflição” – coluna de Cláudia Safatle no Valor.

 
 
 
 
 
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