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O estado de calamidade poderá ser prorrogado, caso venha uma segunda onda do coronavírus, afirmou ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele acrescentou que seria necessário criar um mecanismo permanente para acomodar novos episódios como o atual. “Como vai ser isso, se houver uma calamidade, um ‘covid-26’?”, questionou, durante reunião da comissão mista do Congresso que acompanha as ações do governo contra a pandemia. “Nós precisamos ter uma cláusula de calamidade pública que justamente crie esse sistema de exceção para episódios em que precisemos preservar a vida e o emprego de brasileiros” (Valor).
A extensão da calamidade faz parte de um plano B do governo para a hipótese de haver uma segunda onda, como em países da Europa e nos Estados Unidos. O ministro admitiu que a doença pegará o Brasil em situação de menor fôlego fiscal e com a dívida perto dos 100% do PIB. Nem por isso o governo deixará de agir com a mesma velocidade e intensidade, disse. Os atuais programas poderão ser reeditados, corrigindo eventuais erros e excessos. “A democracia brasileira dará a resposta”, afirmou. “O que nós não podemos é, em vez de enfrentarmos os reais desafios orçamentários, usar essa desculpa para estender tudo isso como se não houvesse amanhã”, alertou. “Para isso, não contem comigo” (Valor).
As vendas dos supermercados e atacarejos caíram até 10% nas últimas semanas. A retração é atribuída à combinação de aumento dos preços de alimentos e corte de R$ 600 para R$ 300 do auxílio emergencial pago a 65 milhões de brasileiros. Apesar da desaceleração nas vendas, a escalada de preços de itens essenciais continua. Em outubro, a prévia da inflação, medida pelo IPCA-15, atingiu 0,94%. A comida respondeu pela metade da inflação ao consumidor, com destaques para carne bovina (4,83%), óleo de soja (22,34%), arroz (18,48%) e leite longa vida (4,26%). O pico de vendas nos supermercados ocorreu no mês de maio, segundo pesquisa da associação paulista do setor (Estadão – p.B1)
Diante do cenário de incerteza e volatilidade deflagrado pela pandemia de covid-19, o Brasil precisa adotar um senso de urgência e avançar com agendas econômicas importantes para garantir um crescimento mais sustentável. Entre as prioridades, está o ajuste das contas públicas, que, se perdido, colocaria em xeque conquistas recentes no país, como juros baixos e inflação controlada. Esse é o alerta da presidente do conselho consultivo do Goldman Sachs Brasil, Maria Silvia Bastos Marques, que participou ontem de live do Valor. “Volatilidade e incerteza vieram para ficar pelo menos no que eu consigo enxergar no horizonte dos próximos anos”, disse a ex-presidente do BNDES.
O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar ontem à noite que não vai aumentar impostos e indicou que novos tributos só serão discutidos no governo caso haja a revogação de outros encargos. Bolsonaro conversou com apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada, em fala registrada por um site bolsonarista. “Não tem aumento de imposto e ponto final. Queriam criar o imposto digital parecido com CPMF; queriam sim, teve essa proposta lá. Eu falei: ‘tudo bem, quer criar isso aqui e quantos você quer revogar? Se eu me convencer, a gente apresenta à opinião pública. Cria, recria o imposto digital de 0,2% ou 0,15%, e perde isso aqui. O que você acha que é melhor?’” (Folha).
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ontem em audiência no Congresso que a Febraban é uma casa de lobby, que financia “ministro gastador para ver se fura o teto”, em movimento que classificou como tentativa de enfraquecer seu trabalho. A declaração foi feita ao comentar a possibilidade de criação de novo tributo sobre transações financeiras, criticado pelos bancos. Segundo ele, o novo imposto está morto, extinto. “A Febraban é uma casa de lobby, muito honrada, muito justo o lobby, mas tem que estar escrito na testa ‘lobby bancário’, que é para todo mundo entender do que se trata. Inclusive, financia estudos que não têm nada a ver com a atividade de defesa das transações bancárias (Folha).
Técnicos do Ministério do Desenvolvimento Regional afirmam que Guedes distorceu informações ao falar sobre a parceria feita com a Febraban. Em junho, o ministério assinou acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em uma modalidade que não depende de recursos públicos. O projeto tem apoio financeiro de nove entidades privadas — entre elas, a Febraban. O valor repassado ao órgão da ONU foi de aproximadamente R$ 5 milhões, pouco mais de R$ 500 mil por entidade. O acordo viabilizou a contratação de uma consultoria internacional que vai propor ações para reduzir a dependência que a pasta tem do Orçamento, exatamente o contrário do que sugeriu Guedes (Folha).
As declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a Febraban caíram muito mal entre os bancos. Os comentários de executivos ouvidos pelo Valor vão de “destemperado” a “irresponsável” para qualificar o titular da pasta, com quem a relação nunca foi das melhores. Ainda assim, o setor evitou se colocar em postura de enfrentamento. A única resposta da Febraban veio na forma de uma breve nota na qual defende a sustentabilidade fiscal e a manutenção do teto de gastos. “A Febraban sempre se posicionou pela necessidade de sustentabilidade fiscal como pressuposto da retomada econômica e pela defesa clara em favor da manutenção do teto de gastos”, diz íntegra do comunicado da entidade.
Foram criadas 313.564 vagas com carteira assinada no país em setembro, o melhor resultado da história para os meses de setembro, segundo o ministro Paulo Guedes. “É o maior ritmo de criação de empregos já registrado em qualquer setembro. Todos os setores, todas as regiões do Brasil criando novos empregos, o que configura o fenômeno na volta em ‘V’ da economia brasileira”, afirmou, após a divulgação dos dados. A recuperação em “V” é citada por ele no discurso de que, após o tombo no auge da crise econômica da Covid-19, a atividade no país irá avançar rapidamente. Setembro foi o terceiro mês consecutivo de saldo positivo (Folha).
O mercado de trabalho apresenta, desde julho, recuperação após o fechamento de vagas no começo da crise do coronavírus - 1,2 milhão de vagas desapareceram nos seis primeiros meses de 2020. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que, em setembro, o país teve 1,379 milhão de contratações formais e 1,065 milhão desligamentos. Todos os setores da economia brasileira registraram criação de vagas em setembro. O resultado foi puxado pela indústria, com a abertura de 110.868 vagas. Em seguida, figuram serviços (80.481), comércio (69.239), construção (45.249) e agricultura (7.751) - Folha.
Sob os efeitos provocados pela pandemia do coronavírus, as contas do governo federal tiveram em setembro um resultado negativo de R$ 76,2 bilhões. O déficit é menor que os registrados anteriormente, mas ainda sim representa um recorde negativo para o mês. No acumulado do ano, o resultado é o pior da série histórica para o período. O rombo chegou a R$ 677,7 bilhões de janeiro a setembro. Os dados do governo central, que compreendem as contas de Tesouro, Banco Central e Previdência Social, foram divulgados nesta ontem pelo Ministério da Economia. O mês de setembro registrou o menor déficit desde março (Folha).
A equipe da Secretaria do Tesouro aproveitou a divulgação do resultado primário do governo central de setembro, ontem, para reforçar os alertas em relação à escalada da dívida pública e à importância de medidas de controle fiscal. Alongar o prazo médio das emissões, mantendo o custo em níveis baixos, é um desafio para a gestão da dívida e, para tanto, é preciso a retomada da agenda de reformas econômicas, frisaram os técnicos. A necessidade de financiamento do setor público prevista para o fim deste ano é de 17,2% do Produto Interno Bruto (PIB), patamar que deve ser visto como um “ponto fora da curva”, defendeu o coordenador-geral de planejamento estratégico da dívida, Luiz Fernando Alves (Valor).
Em live do Valor, o ex-presidente Fernando Henrique fez referência à questão do leilão da quinta geração de serviços móveis (5G), na qual os EUA pressionam a não permitir a participação da empresa chinesa Huawei. “Agora voltou uma decisão importante, sei lá o que vai ser da tecnologia, pode ser americana, pode ser chinesa, não sei. Mas no ponto de partida tem que dizer não sei. Vamos olhar. Vamos ver o que convém mais? Quem dá mais? O que custa menos? O que produz mais resultado?”, afirmou ele. “E afrontar a dificuldade se houver. Não pode fazer de antemão por razões ideológicas. Tomar uma decisão que tem efeitos na economia, na vida das pessoas. Acho que isso é um grande erro de quem conduz a política.”
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