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Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cogitam suspender o recesso parlamentar de janeiro a fim de avançar em propostas consideradas prioritárias por eles e pelo Palácio do Planalto. A sugestão foi levada a eles por parlamentares da base governista, apurou o Valor, e já chegou também ao presidente Jair Bolsonaro. No topo dessa agenda de propostas, constariam avanços na reforma tributária e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) Emergencial, a chamada PEC dos gatilhos. Essa PEC, relatada pelo senador Márcio Bittar (MDB-AC), deve conter também o Renda Cidadã, programa social bolsonarista que está sendo elaborado para substituir o Bolsa Família.
O período extra de trabalho no Congresso poderia também ser usado para o término da análise do Orçamento 2021, caso ela não seja concluída neste ano. A suspensão do recesso vem sendo analisada há semanas entre Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), e a articulação política do Planalto. Um ministro confirmou conversas sobre o adiamento do recesso, mas disse que ainda não há “nada concreto” definido. Outras fontes veem na suspensão do recesso uma tentativa de recuperar o tempo perdido por conta da pandemia e das eleições municipais. Porém, essas fontes afirmam que o Planalto não deve interferir no ritmo do andamento das propostas no Congresso (Valor).
Para aprovar a nova Lei do Gás antes das eleições municipais e sem alterações - como pedem dezenas de associações industriais - o Senado quer que o governo se comprometa com a edição de decretos que tenham como foco o incentivo às térmicas na base. Na prática, a sugestão visa expandir a infraestrutura de gás por meio da interiorização da malha de gasodutos pelo país. O governo se comprometeu a apresentar uma versão desses textos até o dia 19 de outubro. A partir disso, caso haja consenso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tentaria mobilizar os líderes para colocar o tema em votação ainda neste mês (Valor).
As negociações avançam, conduzidas pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e pelo líder do MDB na Casa, senador Eduardo Braga (MDB-AM), ainda cotado para assumir a relatoria do projeto. Ambos tiveram reuniões, na semana passada, com técnicos do Ministério de Minas e Energia e com o ministro, Bento Albuquerque. Braga é um dos principais defensores da necessidade de regulamentação complementar à lei, para que termelétricas possam operar na base do sistema elétrico, e não só como complemento às hidrelétricas. Ele tem dito que, se a demanda não for atendida, o texto deve sofrer alterações e retornar à Câmara, o que atrasaria ainda mais a sanção da Lei do Gás (Valor).
Estados que apresentaram propostas de contenção de gastos e de renúncia fiscal, São Paulo e Rio Grande do Sul sofrem para aprovar os planos em suas Assembleias Legislativas. Com projeção de déficit de R$ 10,4 bilhões e R$ 8,1 bilhões, respectivamente, em 2021, os governos enfrentam resistência principalmente para cortar gastos com funcionalismo e incentivos fiscais a empresas. Em São Paulo, a estimativa é de que o governo perca R$ 410 milhões a cada mês de atraso na aprovação do pacote fiscal, que prevê corte de 20% das renúncias, remanejamento de recursos em áreas em que há sobra de dinheiro, extinção de dez fundações e autarquias e a demissão de 5,6 mil celetistas (Estadão – p.B1).
Mesmo em meio à pandemia, os atuais prefeitos das capitais tentam recuperar investimentos no último ano do atual mandato. Levantamento do Valor com 24 capitais mostra que os investimentos somaram R$ 5,06 bilhões de janeiro a agosto, com avanço de 34% em termos reais em relação a igual período de 2019. Apesar desse aumento, ainda há queda real de 27% em relação aos investimentos dos mesmos municípios em 2016, ano que representa mesmo período dentro ciclo eleitoral, já que foi o último ano do mandato anterior. Na comparação contra 2016 são oito capitais que apresentam retração de investimentos. Já em relação ao ano passado, apenas cinco reduziram esses valores.
Juro baixo, imóvel barato, crédito farto e poupança em níveis recordes diante do medo do futuro causado pela pandemia criaram as condições perfeitas para a retomada mais forte do setor imobiliário no país. Sinal mais evidente desse movimento aparece no crédito imobiliário para pessoas físicas, que aumentou 44% de janeiro a agosto, chegando a R$ 51,3 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Foi a maior alta desde 2015. E os preços já começam a subir. Segundo levantamento do Índice FipeZap divulgado na semana passada, o valor de venda dos imóveis residenciais aumentou 0,53% em setembro, na comparação com agosto, a maior alta em seis anos (O Globo – p.15).
Presidente intensifica participação em reuniões com políticos e na costura de acordos em almoços e jantares. Em volta de uma mesa, o presidente Jair Bolsonaro se aproximou dos ministros do STF, Gilmar Mendes e Dias Toffoli e o ministro da Economia, Paulo Guedes, reconciliou-se com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O hábito político-gastronômico na capital federal sempre foi tradição entre parlamentares e integrantes do Judiciário. Desde que chegou ao poder, Bolsonaro evitava esse tipo de confraternização. Mas, pressionado por inquéritos, como o da suposta interferência na Polícia Federal, mudou de postura e aderiu a um costume da velha política brasiliense (Estadão – p.A12).
O setor de infraestrutura estará com os olhos voltados para a sessão de julgamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) do próximo dia 21. Em pauta, uma liminar do presidente da Corte, ministro Humberto Martins, que suspendeu outras decisões judiciais, tanto em instâncias inferiores quanto no próprio STJ, na disputa entre a prefeitura do Rio e a Lamsa, concessionária que administra a Linha Amarela – via expressa que liga as zonas oeste e norte da capital fluminense, hoje controlada pela Invepar. Na sua decisão, o ministro autorizou a prefeitura a retomar a via. Teme-se que a confirmação da decisão afaste investidores privados de novas concessões (Estadão – p.B3).
O sinal é ruim, especialmente num momento em que, sem recursos diante da crise fiscal e dos gastos elevados para enfrentar a covid-19, o governo busca atrair investimentos para a infraestrutura. De acordo com BNDES, Fábio Abrahão, as concessões precisam atender às “expectativas” de seus três “pilares” – governo, usuário e investidor. “Se um desses três pilares não funcionar, não tem investimento em infraestrutura”, afirmou o executivo, completando que, nos contatos que manteve com investidores, a preocupação com a decisão do STJ tem sido “elevada”. A mesma preocupação se manifesta por parte de investidores que buscam assessoria jurídica na área de infraestrutura (Estadão – p.B3).
O prêmio Nobel de Economia concedido aos americanos de Stanford Paul Milgrom e Robert Wilson tem especial importância para o Brasil, pela extensa agenda de concessões e privatizações. Eles foram premiados com US$ 1,1 milhão pela contribuição à teoria dos leilões, que ficaram mais eficientes. O diretor do BC, João Pinho de Mello, disse que os leilões viraram “ciência rigorosa que funciona na prática”. Para Joisa Dutra, da FGV, os reguladores brasileiros utilizam mal esse arsenal teórico. Um mecanismo citado é o leilão de segundo preço, no qual o vencedor paga o valor do segundo maior lance. Isso evita a “maldição do vencedor”, que sempre entende ter pago caro demais (Valor).
Países da África recebem pouca atenção das multinacionais brasileiras, mas têm tudo para entrar mais no radar daquelas que querem se internacionalizar ou simplesmente encontrar novos mercados para exportar, afirma a CEO do banco sul-africano Standard Bank no Brasil, Natália Dias. O continente teve crescimento de 55% do PIB nos últimos dez anos, sua população já praticamente iguala à da China e está cada vez mais concentrada em cidades - a proporção de habitantes em áreas urbanas deve saltar de 39% em 2010 para 59% em 2050. A sugestão de Natália é que as empresas busquem sócios que entendam a realidade local ou tenham banco como parceiro para financiar o fluxo de comércio exterior (Valor).
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