|
Com dificuldade para alcançar um consenso em torno do texto da reforma tributária, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a prioridade é votar a PEC Emergencial, que cria mecanismos de ajuste fiscal. Ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, o deputado participou da apresentação da proposta de agenda legislativa da frente da reforma administrativa. Maia negou ter jogado a toalha sobre a possibilidade de aprovar a reforma tributária pelo menos na Câmara neste ano. Mas afirmou que, hoje, a preocupação número um deveria ser a PEC Emergencial, que prevê medidas que reduzem benefícios de servidores e cria gatilhos para conter o avanço das despesas (Folha).
Segundo o deputado, esta proposta é a mais difícil. “A que vai gerar desgaste no curto prazo, mas vai gerar solução a partir de 2021 para milhões de brasileiros”, afirmou. Ele ressaltou que a preocupação não é apenas regulamentar o teto por causa do Renda Cidadã, programa com o qual o governo quer substituir o Bolsa Família.Rodrigo Maia fez uma defesa enfática da PEC Emergencial e afirmou que, se tivesse que escolher uma proposta para votar neste ano, optaria pelo texto que prevê as medidas de ajuste. “Mesmo com toda paixão, trabalho e energia que eu tenho com a PEC 45 (reforma tributária da Câmara), eu diria para você que a PEC Emergencial é a reforma das reformas no curto prazo” (Folha).
Um dos maiores entusiastas da reforma tributária e responsável pelos estudos técnicos que fundamentaram a PEC 45, Bernard Appy disse ao Valor que não jogou a toalha e acredita na aprovação de mudanças no sistema tributária brasileiro, ainda que não se arrisque a fazer projeções sobre o timing político ideal para a votação no Congresso. “Se vai ser semana que vem, se vai ser depois das eleições municipais, se vai ser no ano que vem, isso só os políticos podem dizer”, afirmou. O economista auxilia parlamentares na comissão mista da reforma tributária e considera que não faz sentido nenhum abandonar a reforma agora. Mas reconhece que o ambiente já foi muito mais favorável à aprovação.
Para Appy, a aprovação da reforma tem relação direta com a solvência do setor público e isso daria sinais importante no cenário pós-pandemia e no momento em que o debate fiscal gera tanta apreensão ao mercado. “A reforma tributária tem impacto grande sobre o crescimento, e desde que mantenham a sinalização de compromisso com o controle da expansão de gastos, significa que a perspectiva de solvência do setor público se torna muito melhor”. A reforma também gera “efeito relevante sobre os juros de longo prazo”, estimula crédito habitacional, consumo e investimentos. “Deu uma piorada no ambiente, mas pode ser que se reverta rapidamente. Não necessariamente fica para 2021 (Valor).
O senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC que inclui o Renda Cidadã, afirmou que qualquer que seja a proposta para a criação do programa, ela causará incômodos. Para bancar o Renda Cidadã, que deve substituir o Bolsa Família, a o governo busca cerca de R$ 20 bilhões. O governo estima que oito milhões de pessoas devem ficar sem auxílio no início do ano, se o programa não for criado. “Qualquer que seja a proposta, ela vai incomodar. Para arrumar recurso para essas pessoas vai ter de tirar de algum lugar. E do lugar em que for tirar tem alguém que está incomodado”, afirmou Bittar. Ele pretendia apresentar o relatório nesta semana, mas divergências adiaram das eleições (Folha).
A Frente Parlamentar da Reforma Administrativa lançou ontem propostas para incluir no projeto enviado pelo governo ao Congresso. Os deputados e senadores que fazem parte do grupo defendem a inclusão dos atuais servidores na proposta, já que o texto do governo trata apenas dos futuros servidores. Os parlamentares também querem incluir os chamados “membros” de poder, como juízes, promotores e procuradores do Ministério Público na proposta. O governo argumenta que não tem competência legal para mudar regras para esses servidores e que isso caberia ao Congresso. As propostas da frente foram apresentadas ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ao ministro da Economia, Paulo Guedes (O Globo).
Partidos do chamado Centrão têm pressionado o presidente Jair Bolsonaro a desmembrar o Ministério da Economia em duas novas pastas, Trabalho e Indústria. A medida imporia derrota ao ministro Paulo Guedes. A reformulação foi negada pelo presidente, em suas redes sociais. Em live à noite, Bolsonaro reforçou sua posição: "Não existe da nossa parte nenhum interesse em recriar qualquer ministério". Paulo Guedes também rechaçou a possibilidade de recriação dos ministérios. "Não existe isso. É conversa fiada", afirmou. Apesar das negativas, aliados e assessores dizem que Bolsonaro planeja uma reforma ministerial após as eleições municipais deste ano para abrir mais espaço para o Centrão (Folha).
Em cenário considerado otimista, o Brasil ampliará em 16 milhões o total de pessoas consideradas pobres quando o auxílio emergencial pago aos mais vulneráveis terminar, no final de 2020. Esse contingente de “novos pobres” ampliará para quase um terço os brasileiros que passarão a viver com menos de R$ 522,50 ao mês, em média. O valor representa menos de meio salário mínimo e cerca de US$ 3 ao dia. O pagamento do auxílio emergencial durante a pandemia a mais de 65 milhões reduziu de forma inédita e abrupta a pobreza no país, trazendo-a ao seu menor patamar. . A interrupção dos pagamentos aumentará o total de pobres de 23,6% (50,1 milhões) para cerca de 31% (66,2 milhões) Folha.
Empresários e executivos no Brasil começam a se manifestar de forma mais enfática sobre a condução da agenda democrática no país sob o atual governo. Embora haja opiniões diferentes sobre o grau de resiliência da democracia brasileira, há um entendimento comum de que as instituições estão sob ataque, assim como a política ambiental e as instâncias de representatividade. Esse quadro eleva as incertezas, prejudica o andamento de reformas estruturantes e erode a reputação internacional do país, causando impactos diretos nos próprios negócios. Segundo entrevistados ouvidos pelo Valor, o ambiente institucional para operar é instável e falta projeto de país.
O varejo do país voltou a surpreender positivamente os analistas em agosto e ampliou a percepção de uma recuperação em “V” no setor - caracterizada por forte queda, seguida de rápida retomada. A leitura reforçou ainda a expectativa de que a economia vai fechar o ano melhor do que previsto no início da pandemia da covid-19. Analistas ouvidos pelo Valor esperam que as vendas do varejo continuem em alta nos próximos meses, puxando o desempenho da indústria. O ritmo das vendas, porém, tende se moderar nos próximos meses com a redução do valor do auxílio emergencial pago pelo governo federal para R$ 300 e a pressão da inflação dos alimentos, além da maior base de comparação.
O Ministério da Infraestrutura iniciou ontem o processo de concessão dos aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ). Os dois terminais são considerados as últimas “joias da coroa” na rede ainda operada pela Infraero. O ministério lançou edital de chamamento público de estudos de viabilidade para subsidiar a modelagem das concessões de 17 aeroportos, entre os quais estão Congonhas e Santos Dumont. O leilão está previsto para 2022. Será a 7ª rodada de concessões no setor. Pelo desenho preliminar do governo, os terminais ficarão divididos em três blocos diferentes. Empresas interessadas na elaboração dos estudos devem protocolar requerimento de autorização junto à Secretaria Nacional de Aviação Civil em até 60 dias (Valor).
O leilão da concessão dos serviços de água e esgoto na região metropolitana de Maceió (AL), na semana passada, serviu para “validar” todo o processo de estruturação capitaneado pelo BNDES. A avaliação é do diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs da instituição de fomento, Fábio Abrahão. Ele espera agora atrair mais governos estaduais e municipais para ampliar a carteira da “fábrica de projetos” do BNDES, fortalecida desde que o banco reorientou sua ação na infraestrutura para a modelagem e estruturação de concessões, em vez de focar no financiamento aos investimentos. O trabalho de modelagem identifica e formata a concessão, em projetos que precisam ser economicamente viáveis para atrair operadores privados (Estadão – p.B8).
O governo pretende abrir um cardápio de opções para trabalhar com a privatização dos Correios por meio de um projeto de lei que será enviado ainda neste ano ao Congresso. Em entrevista ao Estadão (p.B9), a secretária do Programa de Parcerias e Investimento (PPI), Martha Seillier, afirma que, em qualquer alternativa, será mantido o atendimento dos serviços postais para 95% da população, da mesma forma que é hoje – com possibilidade de até aumentar. “Em todas as alternativas possíveis trabalhamos com o modelo ‘filé com osso’ – trabalhar subsídio cruzado entre municípios mais rentáveis e menos rentáveis”, disse.
|
|