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Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e deputados governistas trabalham na construção de um acordo para destravar a tramitação da reforma tributária. Maia desistiria de obstruir o debate sobre a “nova CPMF” e aceitaria pautar a criação do imposto sobre transações, que teria o objetivo de compensar a desoneração da folha de salários. Por outro lado, o governo deixaria de oferecer resistência à Proposta de Emenda Constitucional 45, defendida por Maia como o melhor modelo para a reforma. O acordo vem sendo trabalhado pelos negociadores políticos do governo com aliados do presidente da Câmara. A ideia é que Maia aceite a votação do novo imposto como uma emenda à PEC 45 (Valor).
Caberia ao governo, mesmo contra a opinião de Rodrigo Maia, convencer os deputados de que esse imposto é melhor do que os encargos sobre a folha de salários. O presidente da Câmara já disse, reiteradas vezes, que o imposto é nocivo à economia, por ser cobrado em cascata, e prometeu não deixar o tema ser votado enquanto estiver no comando da Casa - até fevereiro de 2021. As costuras são para diminuir essa resistência e não “interditar o debate”. O objetivo de Maia é aprovar a PEC 45, que unifica IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS no novo Imposto sobre Serviços (IBS). O projeto é debatido por uma comissão do Congresso que tem o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), aliado de Maia, na relatoria (Valor).
O presidente Jair Bolsonaro convidou os líderes partidários para um almoço na segunda-feira para explicar as propostas e medir o apoio. A ideia é propor uma ampla redução dos encargos sobre a folha de salários de todas as empresas como forma de impedir a derrubada do veto à prorrogação da desoneração para 17 setores por mais um ano. O veto será votado na quarta-feira pelo Congresso. Hoje, há maioria para derrubá-lo e evitar mais demissões. O ministro da Economia, Paulo Guedes, mantém conversas intensas com os parlamentares para tentar viabilizar a substituição de parte dos encargos sobre a folha de salários por uma contribuição sobre transações financeiras, nos moldes da extinta CPMF (Valor).
Dentro do pacote de medidas que inclui a criação de uma nova CPMF para viabilizar a desoneração da folha de pagamentos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, trouxe de volta o plano defendido desde o início do governo de fazer um corte nas contribuições do Sistema S e do Simples Nacional. No caso do Sistema S, o ministro pretende reduzir em 40% as alíquotas que as empresas do Sistema S pagam sobre cada salário acima de um salário mínimo. Para quem ganha até esse patamar, a contribuição seria suspensa. Com o corte planejado agora, a alíquota média cairia de 2,5% para 1,5%. Por ano, essa arrecadação gera cerca de R$ 17 bilhões (Folha).
Um projeto de lei de iniciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) dribla a regra do teto de gastos da União e determina que receitas recolhidas com as chamadas custas processuais sejam usadas pela Justiça fora do limite estabelecido. A regra impede o crescimento real das despesas de todos os Poderes para controlar o desequilíbrio nas contas públicas. A Justiça Federal e a do Trabalho recolheram R$ 576,3 milhões em custas, em 2018, conforme dados do CNJ, usados para embasar o projeto. A proposta foi recebida com surpresa pela equipe de Paulo Guedes, sob o argumento de que o texto é inconstitucional, pois cria excepcionalidade à Constituição via projeto de lei (Folha).
Após repercussão negativa, a Advocacia-Geral da União (AGU) suspendeu a promoção de 606 integrantes do órgão ao topo da carreira. A AGU revogou a decisão de 18 de setembro que havia elevado 92% dos membros da Procuradoria-Geral Federal ao ponto mais alto da categoria, com salário mensal de R$ 27.303. A remuneração inicial é de R$ 21.014. O coordenador-geral de Pessoal da Advocacia-Geral da União, Watson Oliveira, determinou a suspensão devido aos “questionamentos suscitados com a publicação do referido ato”.A AGU havia justificado que as promoções são realizadas semestralmente e com base em dois critérios: antiguidade e merecimento (Folha).
Estudo do Centro de Liderança Pública (CLP) projeta uma economia de R$ 400 bilhões com a aprovação da reforma administrativa até 2034. Mesmo restringido a reforma apenas a novos servidores, o setor público poderia economizar pelo menos R$ 24,1 bilhões em 2024 com a aprovação das mudanças no seu RH, liberando o governo para investir mais em saúde, educação e segurança pública, segundo o centro de estudos. A economia com as despesas da folha de pessoal subiria ao longo dos anos até chegar a R$ 178,7 bilhões em 2030 e depois em R$ 400,3 bilhões em 2034 (Estadão – p.B4).
O estudo da CLP é o segundo levantamento que calcula o potencial de impacto da reforma administrativa para subsidiar o debate da reforma no Congresso. Na semana passada, o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério da Economia, projetou que as medidas de controle nos gastos com pessoal e as alterações nas regras do RH do setor público em discussão na reforma administrativa podem resultar em uma economia entre R$ 673 bilhões e R$ 816 bilhões em dez anos. Houve pressão para o envio da proposta do governo, mas a reforma ainda não avançou na prática na Câmara (Estadão – p.B4).
O presidente Jair Bolsonaro sancionou sem vetos a Lei Complementar que altera a cobrança do Imposto sobre Serviços (ISS) pelos municípios, segundo a edição de ontem do Diário Oficial. A competência de cobrança do imposto passa para o município onde o serviço é prestado ao usuário final. Hoje, ela é realizada pela cidade onde está localizada a sede do fornecedor. O objetivo da mudança é tentar desconcentrar a arrecadação dos grandes municípios, onde estão instaladas a maioria das empresas. A alteração entrará em vigor a partir de 2021. O ISS é um tributo cobrado das empresas prestadoras de serviços e sua alíquota varia dependendo da unidade federativa (Estadão – p.B6).
O presidente do STF, ministro Luiz Fux, pautou para a próxima quarta-feira, em plenário, o julgamento da reclamação que busca impedir a venda de refinarias da Petrobras. Já há três votos contra o governo e a tendência é que seja formada maioria, conforme apurou o Valor. Na terça, Fux pediu “destaque” do julgamento em plenário virtual, por entender que a controvérsia merecia um debate mais aprofundado entre os integrantes do tribunal. Os ministros Edson Fachin (relator), Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello já haviam se manifestado para impedir a criação de subsidiárias de estatais para que a alienação possa ocorrer sem aval do Congresso ou de abertura de processo licitatório.
O processo chegou ao Supremo em julho, a partir do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Ele alertou o tribunal para uma suposta manobra do governo para facilitar a privatização de empresas públicas - espécie de drible à decisão da Corte, no ano passado. Na ocasião, o plenário do STF decidiu ser possível dispensar a autorização legislativa para privatizar subsidiárias, mas não as chamadas “empresas-mãe”. Como consequência, o governo estaria desmembrando as matrizes com o objetivo único de privtizá-las privada. O resultado do STF impediria a venda das refinarias Landulpho Alves (Rlam) e do Paraná (Repar), para as quais já haveria interessados (Valor).
O Ministério da Economia levou a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos para o topo das prioridades na lista de privatizações do governo. Não encontrará, conforme apurou o Valor, resistência dos militares mais próximos de Bolsonaro à venda da estatal. Hoje a percepção dos ex-fardados é que falta uma alternativa concreta à venda da estatal. Choques de eficiência administrativa e redução de gastos, segundo oficiais com presença no governo, têm limites e seriam insuficientes para dar dinamismo à empresa. Quanto ao caráter supostamente “estratégico” dos Correios, lembram que o fundamental é assegurar a universalização do serviço postal e o acesso amplo ao recebimento de encomendas.
O Banco Central reduziu sua projeção para a entrada de investimento estrangeiro no país em 2020 de US$ 55 bilhões para US$ 50 bilhões. Se concretizada, seria a menor entrada de recursos estrangeiros no país desde 2009. A previsão consta no Relatório Trimestral de Inflação que revisou as expectativas para o PIB deste ano. O BC projeta queda de 5% do PIB,ante tombo de 6,4% previsto em junho. A instituição também prevê inflação menor, de 2,1% em 2020, ante projeção anterior de 2,4%. A revisão acontece em um ambiente de incerteza econômica influenciada pelos efeitos da pandemia de coronavírus e dúvidas sobre a política de controle de gastos do governo no próximo ano (O Globo – p.20).
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, afirmou ontem - em seminário transmitido via internet - que os recursos disponíveis atualmente são insuficientes para acelerar projetos-chave na área de defesa do país. Como consequência da escassez de verbas, os prazos para conclusão dos projetos acabam postergados, acrescentou o general da reserva. O ministro destacou os projetos do avião cargueiro KC-390, do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), do submarino de propulsão nuclear e de compra dos caças suecos Gripen. A compra de 36 unidades do F-39E Gripen foi anunciada em 2013, mas a primeira aeronave chegou no domingo. O primeiro voo do caça no país ocorreu ontem (Valor).
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse ontem que foi ele quem deu aval para a visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo à Roraima, fronteira com a Venezuela. Em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o chanceler defendeu que o encontro teve caráter “humanitário” e não eleitoreiro, como criticaram alguns congressistas. Além disso, Araújo elevou o tom dos ataques ao governo de Nicolás Maduro, e trocou farpas com a oposição. “O secretário Mike Pompeo me ligou dizendo que estava querendo organizar um périplo pela América do Sul e em especial uma visita à Operação Acolhida. Me perguntou o que eu achava. Eu disse que achava excelente”, disse (Valor).
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