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Proposta orçamentária apresentada pelo governo ao Congresso prevê déficits entre 2021 e 2023, num total de R$ 572,9 bilhões. Segundo o secretário do Tesouro, Bruno Funchal, com as projeções de mercado sobre juros e crescimento da economia, e caso o governo respeite o teto de gastos até 2026, o déficit poderá ir até 2026 ou 2027, numa sequência de pelo menos 13 anos de rombos sucessivos. O governo gasta mais do que arrecada desde 2014, ainda na gestão Dilma Rousseff. Na prática, pelas projeções da equipe econômica, o vencedor das eleições presidenciais de 2022 terá uma gestão marcada pela permanência no desequilíbrio das contas (Estadão – p.B1).
Em 2020, o rombo ficará em torno de R$ 800 bilhões por causa de gastos emergenciais de combate à pandemia. O programa social Renda Brasil poderá contar com R$ 34,9 bilhões previstos para o Bolsa Família em 2021. O valor é maior que os R$ 29,5 bilhões previstos inicialmente no Orçamento deste ano. O governo espera um aumento no número de famílias em situação de pobreza no ano que vem e decidiu ampliar averba para o Bolsa Família na proposta de Orçamento para 2021. O programa social receberá R$ 34,9 bilhões para contemplar 15,2 milhões de famílias, um milhão a mais que o número atual e dois milhões acima da quantidade de famílias que recebiam o Bolsa antes da pandemia (Estadão – p.B1).
O governo vai depender do Congresso pelo terceiro ano seguido para pagar aposentadorias, salários e Bolsa Família. A Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) inclui projeção de R$ 453,715 bilhões que seriam obtido meio de títulos públicos. As despesas totais somam R$ 1,5 trilhão, conforme estimativa foi divulgada ontem pela equipe do ministro Paulo Guedes. O governo precisará de aval do Legislativo para aprovar o Orçamento de 2021 e também para liberar os valores condicionados. Sem essa autorização, o Executivo descumprirá a chamada regra de ouro, norma que impede o governo de se endividar para pagar despesas correntes, como salários, Previdência e benefícios assistenciais (Folha).
O aumento das despesas obrigatórias obrigou o governo a propor, para 2021, o menor nível de gasto discricionário da série histórica. Nessa categoria, estão investimentos em obras e custeio da máquina administrativa. Segundo a proposta orçamentária, a despesa discricionária recuará de R$ 116,4 bilhões em 2019 para R$ 96,05 bilhões. A situação poderia ser pior. Ao elaborar a proposta, o Ministério da Economia considerou o fim da desoneração da folha de 17 setores da economia, ainda em discussão com o Congresso, que poderá derrubar o veto. Se isso ocorrer, a despesa discricionária cairá abaixo de R$ 90 bilhões, nível que poderia forçar o governo a paralisar alguns serviços públicos (Valor).
A proposta de Orçamento de 2021 contém a projeção de aumento do salário mínimo de 2,1%, passando do valor atual de R$ 1.045 para R$ 1.067. Para o crescimento do PIB foi mantida a estimativa mais recente, divulgada em julho, para o crescimento da economia brasileira em 2021, com alta prevista de 3,2%. A expectativa do mercado financeiro, segundo o boletim Focus, do Banco Central, é de uma expansão de 3,5%. A revisão na projeção de salário mínimo se deve ao cálculo do reajuste, que considera a inflação, sem previsão de ganho real. Diante de uma alta mais acomodada nos preços, o governo espera que o valor do salário mínimo seja menor do que o anunciado anteriormente (Folha).
Por causa do crescimento nas despesas obrigatórias, o projeto de Orçamento de 2021 reservou R$ 96,052 bilhões para gastos discricionários do Poder Executivo, aqueles que podem ser cortados, incluindo investimento. O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, disse que não há risco de paralisia da máquina pública, pois as pastas podem se adaptar à realidade de menor espaço para gastos. Dos R$ 96,052 bilhões de gastos discricionários, R$ 28,665 bilhões foram reservados para investimento. Diante de um Orçamento cada vez mais pressionado por despesas obrigatórias ministérios lutam para conseguir a liberação de mais verba para obras e projetos classificados como investimento (Folha).
Apontado relator do Projeto da PLOA, o senador Marcio Bittar (MDB-AC) disse ontem que incluirá a desvinculação de receitas em seu relatório. Bittar falou após reunião com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto. Segundo ele, Bolsonaro concordou com a desvinculação de receitas no Orçamento. “O presidente concordou, e vou apresentar relatório propondo a desvinculação. Deixa que os estados e municípios elejam o que é mais importante para eles”, disse. “Nós aqui em Brasília e o Congresso somos mais capazes de resolver o que é mais importante para os 5 mil municípios do Brasil? Não”. A desvinculação de receitas é uma das bandeiras do ministro Paulo Guedes (Valor).
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou ontem ser contra a possibilidade de integrantes das Forças Armadas com cargo no governo acumularem remuneração acima do teto salarial do funcionalismo, hoje em R$ 39,3 mil. General da reserva, o vice se contrapôs ao Ministério da Defesa, que obteve aval da Advocacia-geral da União para aplicar um entendimento diferente no caso de militares com postos no Executivo. Na prática, a iniciativa liberaria salários acima do limite estabelecido por lei. Mourão disse discordar do entendimento da Defesa por “uma questão ética e moral” e citou o momento vivido pelo país (Estadão – p.A12).
O governo desistiu de adiar o Censo Demográfico para 2022 e garantiu R$ 2 bilhões na proposta de Orçamento de 2021 para a realização da pesquisa, a mais detalhada sobre a realidade de cada pedaço do Brasil e considerada imprescindível para a definição de políticas públicas. O governo Jair Bolsonaro cogitou adiar o levantamento para turbinar os recursos para o Ministério da Defesa. A proposta foi fortemente criticada por economistas e especialistas em políticas públicas. O Censo seria realizado neste ano, mas foi adiado devido à pandemia do novo coronavírus, já que requer a ida dos entrevistadores a todos os domicílios do país. Novo adiamento poderia prejudicar as séries históricas de dados (Estadão – p.B4).
Aposta do governo para destravar investimentos de até R$ 43 bilhões e reindustrializar o país, o novo marco do gás deve ir à votação hoje na Câmara. Alinhado ao novo mercado de gás, programa do governo mais conhecido como “choque da energia barata”, a proposta abre um setor que até pouco tempo era dominado pela Petrobrás. Com a decisão da estatal de deixar o negócio de distribuição – onde é sócia de 19 de um total de 26 distribuidoras – e vender sua malha de gasodutos e estruturas essenciais, o ministro da Economia, Paulo Guedes, avalia que a chegada de novos concorrentes no setor pode fazer com que o preço do gás caia até 40% (Estadão – p.B5).
O texto em avaliação na Câmara traz adaptações para essa nova fase. Muda o regime de exploração de gasodutos para o de autorizações, mais simples que as atuais concessões, e impede que uma empresa atue em várias etapas da produção e veda a relação societária entre transportadores (atividade exercida por monopólio) e produtores e comercializadores (em regime competitivo). A proposta assegura o livre acesso de outras empresas a infraestruturas essenciais – como gasodutos, unidades de processamento e terminais de liquefação e regaseificação de GNL. Por fim, o promete agilizar e desburocratizar a prestação do serviço de transporte (Estadão – p.B5).
A dívida líquida do setor público superou a marca de 60% do PIB pela primeira vez em mais de 17 anos. Em julho, o indicador atingiu 60,2% do PIB, de acordo com os dados fiscais do setor público consolidado divulgados ontem pelo BC. A última vez em que a dívida pública havia superado esse patamar foi em março de 2003, quando ficou em 60,2% do PIB. “Não há mistérios para explicar a evolução da dívida líquida", afirmou o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, destacando o peso dos déficits fiscais recentes. O presidente da instituição, Roberto Campos Neto, vem defendendo a adoção da dívida líquida como o mais importante termômetro da situação fiscal do país (Valor).
O principal argumento dele é que a dívida bruta, analisada pela maior parte dos investidores, não leva em conta um volumoso ativo em mãos da autoridade monetária: as reservas internacionais. Os dados mais recentes de agosto mostram que as reservas somavam US$ 356,7 bilhões. Mesmo a posição cambial líquida, que desconta os swaps e é considerada pela cúpula do Banco Central um retrato mais fiel do volume de reservas, atingia US$ 301,8 bilhões. A dívida líquida já vinha subindo nos últimos anos, mas esse processo ganhou força em 2020 com a pandemia: houve alta de 4,5 pontos percentuais em relação aos 55,7% do PIB registrados em dezembro do ano passado (Valor).
O Índice de Confiança Empresarial (ICE) subiu sete pontos entre julho e agosto, para 94,5 pontos, atingindo maior patamar desde fevereiro (96 pontos), ou seja, antes da pandemia, informou ontem a Fundação Getulio Vargas. Isso comprova trajetória de recuperação da confiança do empresário, impulsionada por flexibilização do isolamento social e reabertura da economia, delineadas nas principais capitais após restrições em meados de março, disse o superintendente de Estatísticas da FGV, Aloisio Campelo. Para ele, a confiança do empresário deve manter saldo positivo, mas com altas menos intensas do que as dos meses anteriores a abril - considerado o fundo do poço dos efeitos negativos originados pela pandemia (Valor).
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