|
O resultado do lucro do Banco Central no caixa do Tesouro tem potencial para reduzir em quase 10% a dívida pública interna brasileira, que já alcança R$ 4,151 trilhões. A equipe econômica está de olho em uma parcela de R$ 400 bilhões do resultado positivo do primeiro semestre, que somou R$ 521,1 bilhões. O repasse depende de aprovação do Conselho Monetário, órgão formado por representantes do Ministério da Economia e do Banco Central. Na terça-feira, o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, afirmou que o governo observa uma “severa restrição de liquidez” por causa da pandemia (Estadão – p.B9).
Apesar dos esforços de aliados do governo, o Senado votou ontem pela derrubada de um veto presidencial, o que pode abrir novamente a brecha para reajustes a diversas categorias do funcionalismo público. Caberá à Câmara decidir sobre o tema. Segundo integrantes da equipe econômica, se os deputados forem contrários ao veto, as despesas da União, estados e municípios poderão aumentar R$ 98 bilhões. O ministro Paulo Guedes quer impedir exceções à proibição de reajustes até o fim de 2021. A equipe econômica acionou interlocutores do governo no Congresso para tentar garantir o congelamento salarial de servidores públicos (Folha).
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Senado deu “um péssimo sinal” e classificou a decisão como “um crime contra o país”. “Colocamos muito recurso na crise da saúde, e o Senado deu um sinal muito ruim permitindo que justamente recursos que foram para a crise da saúde possam se transformar em aumento de salário. Isso é um péssimo sinal. Temos de torcer para a Câmara conseguir segurar a situação”, afirmou Paulo Guedes. “Pegar dinheiro de saúde e permitir que se transforme em aumento de salário para o funcionalismo é um crime contra o país”, afirmou (Estadão – p.B6).
É mau presságio para a equipe econômica a decisão tomada pelo Senado. É justamente a Casa que vai começar a discutir a proposta de corte de despesas obrigatórias e acionamento de gatilhos para evitar o estouro do teto de gastos disse “não” ao congelamento dos salários dos servidores. O resultado da votação demonstra pouca convicção com a estratégia que está sendo construída pela área econômica para evitar o furo do teto. É que os gatilhos têm foco, sobretudo, nas despesas de pessoal. Sem corte de despesas e com a pressão generalizada para aumento de gastos, o teto terá vida curta (Estadão – p.B6).
O Brasil vai completar dois anos seguidos sem uma política para correção do salário mínimo estabelecida em lei. A equipe econômica não planeja criar um regra para o ajuste do piso nacional, que deve continuar crescendo apenas o equivalente a inflação do ano anterior ao reajuste, sem ganho real. Isso deve valer para 2021 e também para os próximos anos. Até 2018, havia uma regra que previa um reajuste real do salário mínimo, caso houvesse crescimento da economia, e que foi usada para definir o valor do ano seguinte, 2019. A regra concedia aumento com base na inflação do ano anterior, acrescido da variação da economia de dois anos antes (O Globo – p.22).
O presidente Jair Bolsonaro indicou que o governo deve ampliar o auxílio emergencial até o final do ano em pagamentos inferiores aos atuais R$ 600. Mas adiantou que considera baixo o valor de R$ 200 mensais defendido pelo ministro Paulo Guedes e defendeu um "meio-termo" para o benefício. "R$ 600 reais é muito; o Paulo Guedes, alguém falou na Economia em R$ 200, eu acho que é pouco. Mas dá para chegarmos no meio-termo e nós buscarmos que ele venha a ser prorrogado por mais alguns meses, talvez até o final do ano, de modo que consigamos sair dessa situação", disse (Folha).
Prestes a ser novamente prorrogado, o auxílio emergencial a trabalhadores informais já foi liberado para aproximadamente 67 milhões de pessoas. Isso equivale a quase um terço da população. Para bancar o repasse de cinco parcelas de R$ 600, o governo já reservou R$ 254,4 bilhões do Orçamento. O valor seria suficiente para pagar cerca de cem parcelas do Bolsa Família, considerando o custo mensal de R$ 2,5 bilhões do programa assistencial antes da pandemia. O auxílio emergencial foi criado com o objetivo de dar assistência a trabalhadores informais, parcela da população fortemente impactada pelo isolamento social e as medidas de restrição nas cidades durante a pandemia (Folha).
A mudança de estratégia do ministro da Economia, Paulo Guedes, de empurrar a desoneração da folha de pagamento (redução de encargos pagos pelas empresas sobre os salários) para a proposta de emenda à Constitucional que propõe medidas de corte de despesas causou ruído e pode enfraquecer a discussão de reforma tributária. O risco, admitem lideranças, é instalar atrito entre a Câmara, que encabeça a discussão da simplificação de impostos, e o Senado, onde está a PEC dos gatilhos. A discussão da mudança no sistema tributário já enfrenta forte concorrência com a mobilização pela reforma administrativa (Estadão – p.B8).
O governo deve ampliar por mais 60 dias os prazos para que empresas e empregados firmem contratos para redução proporcional de jornada e de salário e também para suspensão temporária do contrato de trabalho, como forma de fazer frente ao impacto econômico gerado pela pandemia da covid-19. Se confirmada a prorrogação, os trabalhadores brasileiros poderão chegar a seis meses de salário e jornada reduzidos ou de suspensão do contrato de trabalho. O presidente Jair Bolsonaro deve editar um novo decreto para permitir a nova extensão (Estadão – p.B4).
Quatro em cada dez brasileiros (41%) avaliam que a situação econômica do país vai piorar nos próximos meses, com aumento do desemprego, avanço da inflação e perda do poder de compra, aponta pesquisa Datafolha. O pessimismo é maior já registrado no governo Bolsonaro. Outros 29% avaliam que a situação econômica do país vai ficar igual, e vai melhorar para 29% dos entrevistados –1% deles não souberam opinar. O Datafolha ouviu 2.065 pessoas por telefone em 11 e 12 de agosto. Em dezembro do ano passado, na última sondagem desse tipo, 43% avaliavam que a situação econômica do país ia mudar para melhor; 31% achavam que ficaria igual e somente 24% pensavam que a coisa iria piorar adiante (Folha).
O país está caminha para o fim do ciclo de medidas de crédito, e o dinheiro está finalmente chegando à ponta, disse ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Vêm aí R$ 200 bilhões, R$ 300 bilhões nos próximos meses”, afirmou em cerimônia no Palácio do Planalto. O ministro voltou a defender o teto de gastos e dizer que os dados indicam recuperação da economia em formato de “V da Nike”. Fazer o crédito chegar às empresas, principalmente às micro e pequenas, foi um dos principais desafios enfrentados pela equipe econômica na formulação de medidas de combate aos efeitos da pandemia. De acordo com o ministro, no entanto, após a reformulação dos programas, “vai ter muito crédito para empurrar a economia” (Valor).
“Com a construção civil expandindo e gerando emprego por um lado, com as exportações firmes do outro lado e com os programas de crédito que nós fomos aperfeiçoando, o Brasil está voltando em V”, disse Guedes, pontuando que a retomada deve ser em “V da Nike”, com a “volta mais lenta do que a queda”, mas feita de forma “segura”. De acordo com o ministro, o teto de gastos será “indispensável” enquanto não houver um controle das despesas. “Como o piso sobe sempre, todo ministério é espremido contra o teto”, disse, acrescentado que a regra foi criada para “bloquear” a possibilidade de irresponsabilidade fiscal e que, em algum momento, será preciso “travar o piso” (Valor).
O TCU pediu ontem ao governo maior cautela nas informações sobre eventual retomada da atividade econômica. Em relatório de acompanhamento que trata dos efeitos das medidas de combate à pandemia na arrecadação tributária e previdenciária, o órgão de controle também demonstrou preocupação com os riscos fiscais da perpetuação das políticas emergenciais. De acordo com os dados apresentados no relatório, até julho o governo já havia adiado o recebimento de R$ 145,5 bilhões em impostos. Segundo o TCU, as renúncias tributárias já se aproximavam de R$ 20 bilhões. Apesar de considerar essas medidas importantes para o setor produtivo, o TCU lembrou que a frustração de receitas é “dramática” (Valor).
Os pequenos e médios municípios querem proteção contra perda de receitas com a reforma tributária, disse ontem o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Glademir Aroldi, em reunião da Comissão Mista de Reforma Tributária do Congresso. “Isso pode exigir a construção de mecanismos como um fundo de compensação e até mesmo um ajuste na transição para a nova proposta”, afirmou. O presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Jonas Donizette, reuniu-se com o relator da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e com o líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), autor de uma das propostas. Segundo ele, os grandes municípios agora estão dispostos a apoiar a aprovação do texto (Valor).
Um dia após a sessão do Conselho Nacional do Ministério Público que poderia afastar o procurador Deltan Dallagnol da Lava-Jato, a força-tarefa em Curitiba realizou ontem a 72.ª fase da operação. A Justiça Federal determinou a prisão preventiva dos empresários Germán e José Efromovich, suspeitos de pagar R$ 40 milhões em propinas ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Em troca, a subsidiária da Petrobrás beneficiaria uma das empresas dos irmãos, o Estaleiro Ilha S.A. (Eisa). Eles também são sócios da Avianca Holdings, que não tem ligação com a investigação (Estadão – p.A4).
Com a operação de ontem, a força-tarefa voltou a executar uma ação com base em suspeita de ilícitos na Petrobrás, como os que deram origem à Lava-Jato, em março de 2014. Em 18 de junho deste ano, investigadores cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados a um esquema na área de trading da estatal. Antes disso, a mais recente grande operação relacionada à Petrobrás havia sido em 18 de dezembro, quando foram investigados contratos de fretamento de navios no valor de R$ 6 bilhões. Deltan é um dos procuradores que assinam os pedidos de prisão, busca e apreensão da operação de ontem, chamada de “Navegar é preciso” (Estadão – p.A4).
Bolivianos e filhos de imigrantes judeus, os irmãos Germán e José Efromovich criaram desde a década de 1990 um império no Brasil e em outros países da América Latina. Mas, aos poucos, viram seus negócios se desfazerem. Além das companhias aéreas Avianca Brasil (que, no mês passado, teve falência decretada no Brasil) e Avianca Holdings (que recorreu à lei de falências americana em maio por causa da pandemia), a lista de empresas incluía de estaleiros a prestadoras de serviços para o setor de óleo e gás. Foi no setor de óleo e gás que os negócios dos Efromovich ganharam impulso nos anos 1990, em uma trajetória conturbada (Estadão – p.A4)
Apesar da resistência do Congresso em avançar com a privatização da Eletrobras, o governo reservou R$ 4 bilhões no Orçamento de 2021 para dar início à execução do plano e criar uma estatal para reunir parte das operações da empresa após a venda. Os recursos seriam necessários para compor a participação da União no capital da nova empresa e, segundo técnicos que participam das discussões, poderia bancar ao menos parte das obras da usina de Angra 3, paralisadas desde 2015. Ainda sem nome, a nova estatal seria controladora da Eletronuclear, que administra as usinas nucleares de Angra dos Reis (RJ), e é sócia de Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR) - Folha.
|
|