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O Copom decidiu ontem cortar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, a 2% ao ano. Com isso, o Brasil se consolida entre os países com maior taxa de juros real negativa. Uma aplicação financeira que renda 100% da Selic atual durante os próximos 12 meses terá resultado abaixo da inflação esperada pelo mercado financeiro para o mesmo período. O mercado prevê, de acordo com o relatório Focus do Banco Central desta semana, inflação de 1,63% no fim do ano, abaixo da meta fixada pelo Conselho Monetário. O BC indicou que a Selic deve continuar no mesmo patamar nas próximas reuniões, mas deixou espaço para ajustes, indicando que pode haver novos cortes (Folha).
Em decisão unânime, os dirigentes do BC citaram “incertezas” sobre a atividade para reduzir a taxa em 0,25 ponto porcentual. Este é o menor juro básico já registrado no Brasil. Para os próximos meses, o BC sinalizou que os juros seguirão em níveis baixos, mas que há pouco espaço para novos cortes. A Selic no piso histórico reduz ganhos com aplicações financeiras, como a caderneta de poupança e os investimentos em renda fixa. Com a atividade sob pressão e a inflação em níveis comportados, a expectativa dos analistas era de que o BC, de fato, cortasse mais uma vez a Selic ontem. De 50 instituições consultadas, 43 esperavam por um corte de 0,25 ponto (Estadão – p.B1).
A alavanca maior do crescimento brasileiro, após nova pressão imposta pela pandemia, terá de vir da política e do diagnóstico realista sobre o país, onde a produtividade é pequena, desigualdades têm piorado e a baixa confiança é entrave, avalia Arminio Fraga, sócio-fundador da Gávea Investimentos. Ao participar ontem da Live do Valor, o ex-presidente do Banco Central afirmou ainda que a taxa Selic pode chegar a zero, mas isso não seria um bom sinal sobre como anda a economia. Com a expansão fiscal “colossal” na crise - e que vai deixar sequelas - não é de se estranhar que haja alguma manutenção da atividade, mas o consenso ainda aponta para retração em torno de 6% neste ano, “uma enorme recessão”.
Segundo Armínio Fraga, os últimos 40 anos sinalizam uma fragilidade maior do “modelo de nação”. “Minha experiência com crise é que nunca sabemos onde é o fundo do poço. Não estou otimista, mas é cedo para saber o veredicto final.” Sem uma reconfiguração política, ainda que existam dúvidas sobre seu caráter, “não vamos a lugar nenhum”, segundo o economista. “Nossa saída, em última instância, terá de vir da política para a economia.” Por ora, no entanto, o que se vê são Poderes se digladiando. “Não é um bom momento”, ele disse. “Em vez de um pêndulo na política, parece que temos uma bola de demolição. Acho que as coisas funcionam melhor quando estão mais próximas do centro” (Valor).
O Senado deve discutir hoje o projeto que estabelece um teto para as taxas de juros cobradas em operações com cartões de crédito e cheque especial, de autoria do senador Alvaro Dias (Podemos-PR). O governo vai tentar derrubar a proposta no voto, mas a tendência é que o Palácio do Planalto seja orientado pela equipe econômica a vetar a proposta na íntegra, caso o texto, de fato, seja aprovado pelos congressistas. O projeto está pronto para ser apreciado há semanas, mas sua votação estava sendo adiada por conta das divergências que o tema provocou na Casa (Valor).
Enquanto algumas bancadas se recusam a aprovar um tabelamento de juros, outros partidos tratam o tema como um “recado” aos bancos, que não estariam dando sua contribuição para a crise econômica provocada pela covid-19. Nos bastidores, integrantes da base aliada do Palácio do Planalto reconhecem que há forte “apelo popular”, o que está dificultando as negociações com os senadores. Ainda assim, a liderança do governo deverá recomendar voto contrário à matéria no plenário. Caso seja aprovada, a proposta ainda precisará passar pela Câmara dos Deputados, onde o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) já demonstrou contrariedade com o assunto (Valor).
O ministro Paulo Guedes disse que o novo imposto sobre pagamentos, planejado por ele, tem sido chamado de CPMF por maldade ou ignorância. Afirmou que ninguém, nem o presidente da República, tem direito de interditar o debate sobre o tema. "As pessoas inadequadamente, por maldade ou ignorância, falam que é CPMF. Mas não tem problema, o tempo é senhor da razão. Vamos seguindo em frente", afirmou em audiência virtual da comissão mista da reforma tributária no Congresso. O tributo pensado por ele seria aplicado a pagamentos, em especial sobre serviços e comércio eletrônico, com alíquota de pelo menos 0,2% (Folha).
De acordo com os estudos do Ministério da Economia, renderia ao menos R$ 120 bilhões. "O imposto digital é para pensarmos à frente, mas é claro que a economia é cada vez mais digital e isso está sendo estudado em países mais avançados. Netflix, Google, o brasileiro usa, e são belíssimas inovações tecnológicas, mas ainda não conseguimos tributar corretamente. Sim, estamos estudando", disse. Apesar de rechaçar a comparação e dizer que o novo imposto não seria aplicado a movimentações financeiras, Guedes ainda não apresentou detalhes da nova cobrança para mostrar quais exatamente seriam as diferenças em relação à antiga CPMF (Folha).
Durante a reunião da comissão da reforma tributária, o ministro aproveitou para rebater o relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que chamou de medieval a ideia de criar um novo imposto. "O relator Aguinaldo cometeu um excesso. Parece que já existia tudo isso na Idade Média, os bispos e padres nas catedrais góticas já usavam Netflix, Google, Waze. Foi um exagero que ele cometeu", disse o ministro. Guedes ainda fez outra crítica aos parlamentares ao contestar metodologias de cálculo adotadas. “Nós achamos, por exemplo, que o cálculo de 25% que está colocado lá para substituir ICMS, ISS e PIS/Cofins é impróprio”, disse (Folha).
Pelas críticas que recebeu de parlamentares sobre o fatiamento da reforma tributária do Executivo em audiência pública da comissão especial que trata do tema ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vai encontrar dificuldades pela frente para aprovar o novo imposto digital. A proposta, que tem uma formatação parecida com a da extinta CPMF, ainda não foi encaminhada ao Congresso. Mas, deputados e senadores já avisaram que não aceitarão aumento de carga tributária. Na audiência, deputados e senadores exigiram que Guedes apresente logo a proposta de reforma mais ampla. “Nunca li um livro em que o autor vai entregando os capítulos aos poucos”, disse o senador Orivosito Guimarães (Pode-PR) – Correio – p.6.
O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que "não dá pra continuar muito" o pagamento do auxílio emergencial por causa do alto custo do benefício. "Por mês, custa R$ 50 bi. A economia tem que funcionar. E alguns governadores teimam ainda em manter tudo fechado", disse Bolsonaro a seguidores, na guarita do Palácio da Alvorada, após um deles agradecer a ajuda de R$ 600 disponibilizada pelo governo. “Esse mesmo governador que quebrou seu estado, está defendendo agora o auxílio emergencial de forma permanente. Só que, por mês, são R$ 50 bilhões. Vão arrebentar com a economia do Brasil", disse, sem mencionar a qual governador se referia (Folha).
Formatado à revelia do Planalto, o auxílio emergencial de R$ 600 serviu como respiro para o presidente Jair Bolsonaro entre crises sucessivas. Segundo analistas, o benefício ajudou a melhorar a imagem do chefe do Executivo, sobretudo entre os mais pobres, mas precisa chegar ao fim com uma transição suave, sob pena de corroer o capital político que arrecadou. “O auxílio emergencial está permitindo uma estabilidade e, especialmente no Nordeste, um crescimento. Mas não podemos dizer, neste instante, que o crescimento é consistente, isto é, que a aprovação vai superar a reprovação. Ainda é cedo”, afirma o cientista político Adriano Oliveira, professor da Universidade Federal de Pernambuco (Estadão – p.A10).
O Ministério da Defesa quer ampliar em 37% o seu orçamento para investimentos no próximo ano para bancar projetos considerados prioritários, como a compra de caças, lançadores de foguetes e submarinos de propulsão nuclear. A proposta, em fase de elaboração, amplia a previsão de investimentos de R$ 6,7 bilhões, aprovada para 2020, para R$ 9,2 bilhões. Dos recursos previstos para este ano, R$ 3 bilhões já foram pagos, segundo o portal de orçamento do Senado. Integrantes da pasta, porém, admitem que será difícil conseguir o aval do Ministério da Economia para a ampliação desejada. Desde o começo do mandato de Jair Bolsonaro, as Forças Armadas vêm buscando, e conseguindo, ampliar o orçamento (O Globo – p.8).
Depois de anunciar queda de 15% no lucro líquido no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a R$ 315 milhões ante R$ 373 milhões, o presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, diz estar mais confiante. Disse que muitos setores estão em recuperação desde o final do segundo trimestre. Na construção civil, por exemplo, o nível de atividade está “bastante intenso”. Para ele, os negócios retomaram acima das expectativas. “As construtoras estão acelerando as obras, com pedidos de aço. As vendas de concreto armado foram 10% maior que o segundo trimestre de 2019 e 27% superior que o primeiro trimestre. Outro setor que está voltando é o de infraestrutura” (Valor).
Com a pauta de trocas comerciais mais resiliente à crise e uma recuperação econômica mais rápida, a China desbancou o Brasil como principal parceiro comercial da Argentina na pandemia. O movimento pode tornar-se permanente, dependendo de como se enfrentará o pós-pandemia, afirmam especialistas. Junho foi o terceiro mês consecutivo no qual a China ultrapassou o Brasil como principal parceiro da Argentina. As exportações aos chineses cresceram 51,7% em relação ao mesmo mês do ano passado, quase a mesma proporção em que as vendas para o Brasil caíram (48,9%). As importações argentinas recuaram como um todo. Mas caíram 30,3% para compras do Brasil e 10,8% para a China (Valor).
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